Guange qi o quer dizer "broche bom" em tailandês
Written has PIMPO
Tailândia. Quando me convidaram para vir aqui passar umas férias pensei: tão demodé, o paraíso da prostituição infantil, isso não tem piada nenhuma, já para não falar nas condições de saúde das pequenas prostitutas, que são, no mínimo, uma merda. Um chulo como eu, entendam, tem uma visão tão sensível como a de qualquer cidadão não especializado face ao fenómeno da prostituição infantil. Mesmo na Madeira recusei por diversas vezes participar nesse tipo de actividade, acho-a totalmente impraticável nos moldes da civilização moderna e com isto advém um risco totalmente desproporcional face à nossa actividade normal para um lucro nada apreciável. Ou seja, considero a prostituição infantil um fenómeno essencialmente familiar sem grandes ligações ao reino da econometria putística. Vejam: um pai numa aldeia remota de Bisangue tem vários filhos, e não há trabalho para todos, fruto de fome pura ou qualquer problema passageiro dependente da agricultura de subsistência que tem. Que faz ele? Manda uma ou duas filhas para a cidade com um tio para as vender e assim obter um rendimento para toda a família. Claro que na cidade o chulo não é nenhum chulo de luxo, a maior parte dos seus clientes são homens locais e portanto sem grandes meios para pagar as meninas. Sem elevada indiferença das forças da ordem e sem um contexto de pobreza geral, expliquem-me como é que podem fazer parecer a um chulo capitalista este negócio atractivo. Atenção, estive já em bordeis de crianças no Médio Oriente que são de um luxo avassalador, e nem faço das miúdas Kirushi que se prostituem para arranjar dinheiro para seguirem todas as modas que irrompem todos os dias na sociedade japonesa. Mas esses casos são claras excepções e relativamente ao meu país não fazem sentido. Em Portugal não há assim tantas meninas dispostas a essa actividade que valha a pena viver disso e o contexto geográfico é demasiado pequeno para criar um sistema que pela deslocalização permita escapar a controlos das ditas “forças da ordem”.
Mas pronto, cá estou, aceitei, sou um chulo prá frentex, que posso eu fazer. O desfile de crianças sucede-se pelas ruas feitas de um misto de alcatrão com terra batida, normalmente nesta segunda matéria nas zonas em que a construção de bordeis se antecipou ás prioridades urbanísticas do Estado. Nesta perspectiva de acrescento de valor ao país, pode-se rapidamente concluir que a prostituição é tão ou mais oprimida quanto o seu peso no PIB. As rusgas são planeadas de forma a não impedirem o comércio de carne, só acontecem nas alturas mortas do serviço e a primeira coisa que os guardas fazem é pedir, de forma assaz educada, para que os clientes estrangeiros se dirijam a outra casa da rua, e seguidamente partem tudo no interior. De ver que as próprias rusgas são orquestradas por uma Comissão de chulos que determina, em virtude da saúde da economia chulística, do número de operadores e acima de tudo dos equilíbrios de poder dentro da própria Comissão e mecenatos vários, quais são as casas a serem objecto de rusga. Como disse estas rusgas são muito sui generis, raramente provocam qualquer preso, os polícias limitam-se a partir tudo no interior do bordel e a colocar cá fora as crianças, que rapidamente combinam com qualquer outro bordel vizinho daquele onde trabalhavam até há minutos. O chulo que mandava no bordel destruído se tiver dinheiro vai tentar aplacar a ira da Comissão, se não tiver aproveita algumas meninas das que trabalhavam no seu bordel, combina uma taxa com a dona de uma qualquer estalagem e vende-as na rua. Daí que muitos chulos tenham ciclicamente uma descida abrupta de rendimento e estatuto, encarando isto como parte de um cíclico de vida e não propriamente como uma desgraça definitiva. A concorrência instiga a criatividade e a qualidade dos serviços prestados portanto parece-me bastante racional definir o chulo tailandês como um indivíduo altamente criativo e profissionalizado, orientando o seu comércio para grupos-alvo de clientes estrangeiros. Claro que o apoio do Estado não é explícito, nem o poderia ser nestes tempos. Movimentos contra-cíclicos em busca por supostos “direitos humanos” procuram levar aos poucos esta actividade para o gueto da ilegalidade e da indigência, o que fez com que o Governo desregulamentasse com o tempo as relações de poder entre chulo e prostituta, o que é bom para o chulo, mas mau para o tratamento que a puta recebe, e portanto para a forma como ela se liga com a sua profissão. Há casos de meninas “difíceis” que são atadas à cama e os pacientes sucedem-se até elas pura e simplesmente colapsarem de desidratação, dor ou medo. Este tipo de falta de pró-actividade obviamente condena a actividade chula ao degredo para fora da sociedade, mais cedo ou mais tarde. Mas não enquanto estou aqui. Enquanto estou aqui vou aos melhores bordéis do quarteirão de Xin-o-lah, meninas limpas, felizes, que se oferecem voluntariosamente para um Guanqe (broche) io (bom), metendo os dedos da mão na boca para mostrar que conseguem deglutir um membro de qualquer tamanho e com grande á-vontade. O chulo é uma matrona de 40 e poucos anos, muito bem conservada, ficamos na conversa enquanto os meus amigos se satisfazem com várias meninas das mais diversas formas, sem que alguma delas perca o sorriso ou a boa disposição. O chulo da casa mostra-me os quartos, mostra-me os serviços, o bar é impecável, com música ao vivo, os quartos são insonorizados mas pode-se ouvir o que se está a passar nos outros quartos (até aqui já se aprendeu o valor comercial do Big Brother), e, por mais alguns dólares, até mesmo ver o que se está a passar nos outros quartos (desde que a outra pessoa também tenha aderido a esta função). Enfim, uma infinitude de divertimentos a partir do acto básico de um homem a abusar sexualmente de uma criança. Acabo no hotel, sozinho, a rever os números do dia da minha actividade em Portugal. Estão estáveis, regozijo por um momento, marco um dos vários números grátis, peço duas jovens com peitos grandes, chegam passados poucos minutos, deviam estar já no hotel quando liguei. Apesar da idade têm peitos muito grandes, uma delas até os tem em silicone, as Bum Bum Babies (prostitutas-crianças de peitos grandes) são muito procuradas, atiçam o desejo do homem e aplacam-lhe a culpa (“ela tinha uns peitos de mulher adulta”, imagino-os eu a dizer). Belas em tudo, como as grandes… eu e a Tailândia estamos a dar-nos muito bem: ))))))
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