quinta-feira, maio 27, 2004

Com a mentira me dizes a verdade...

Written as FREUD




Já perguntei aqui se mentir seria feio. Se o acto de enganar seria visto por vós como uma questão fundamental. Dentro do consultório a mentira é apenas aprenetmente importante. Primeiro pq n se tratam de mentiras contadas de uma só vez, segundo pq as pessoas a quem as mentiras foram contadas já sabem que foram enganadas, n precisam que lhes contem uma qualquer verdade redentora pra abrirem os olhos e despertarem pra uma vida cheias de decisões conscientes e ponderadas. sendo assim, hoje faço outra pergunta completamente diferente. Qual a utilidade da verdade? será mesmo útil contar a verdade? Haverá uma qualquer significativa vantagem em sermos sinceros com as outras pessoas na negociação do "real" diário? Faço-vos esta pergunta baseado, como sempre, num agente provocador bem real... neste caso tratou-se do facto de o empregado do restaurante onde vou todos os dias ( um verdadeiro segredo do Porto À hora de almoço, com pratos ultra-originais e de ocnfecção ultra-cuidada, de seu nome kuxixo, ali perto do contro comercial Itália quem desce prá Galiza...) me dizer que um dos meus pratos favoritos na ementa ( galinha à asiática) não se encontrar muito bom. Ora como sabe ele que o prato n está muito bom pra mim? E como sabe ele que ao n estar muito bom isso vai fazer com que o prato acabe por n ser escolha? E como sabe ele se n me apetece outra coisa qualquer e portanto é completamente inútil ele falar-me do pequeno defeito da galinha à asiática? Pensando nesta questão dei por mim a tecer outras reflexões. Será que muitas das verdades que nos dizem n as armazenámos como coisas semi-inúteis por n serem verdades emocionais? Sim... pq n me parece preoucupar a muita gente dizer q Madagáscar faz fronteira com Moçambique mas quando se trata de o namorado dizer onde passou ontem a noite... enfim... achámos que a mentira emocional é causal ( e q a causa é esconder-nos qq coisa) e q a mentira material n trás problema nenhum, pq n é orientada para nós. Ou seja... a mentira, como ouros mecanismo emocionais, reverte-nos pra um pensamento de que estámos no centro do mundo. Pelo menos no centro daquele gesto emocional. Todas as outras verdades e mentiras n nos preocupam de sobre-maneira. N queremos saber se a pessoa comprou ou n o bilhete pra irmos ao teatro. Se ela o fez no passado assumimos que o fará agora. Se n o fez aceitámos que vá haver uma saída alternativa sem ida ao teatro. Somos muito permeáveis à mentira e adaptámo-nos muito bem a ela. Mas parecemos muito intolerantes a mentiras que nos tomam por centro de objectação. Pensando bem na forma como a mentira surge ( da insegurança do outro face à realidade) é engraçado como vemos a mentira nessa perspectiva tão ego-cêntrica, em que ficámos rodados sobre nós mesmos e n conseguimos descortinar o porquê da falsidade do outro. Isto faz-me também pensar que a mentira "real" e episódica é muitas vezes usada pelas pessoas pra acabar com mentiras muito mais gerais, muitas vezes ocm uma relação inteira. Ou seja... se uma relação tiver " realidade" bastante n é preciso ninguém ser sincero quanto a motivos ou interesses na relação. Mas ai se a pessoa mentir em relação a ter saído ontem com um amigo, então aí a relação acabou pq se mentiu, mesmo que essa mentira fosse apenas e tão-somente a ponta do icebergue de todas as falsidades de que padecia a relação.

O "não me mintas" dos momentos tensos do casal de antigamente foi susbtituido pelo " diz-me a verdade pra acabarmos com isto" moderno e antagónico ; )

o "Eu quero saber" dos pedidos de confissão hoje é muito menos usado em função do " Eu já sei mas ainda n tive coragem de te dizer e se dissesres n tenho de dizer eu"

Enfim, modernidades verbais que são profundas quanto baste e mostram um novo mundo, absurdo e belo ; )