É comer pouco antes do prato principal e a digestão vai correr muito melhor. O terapeuta feito estomatologista
O fundamental de uma sessão terapeutica muitas vezes não é descobrir uma qualquer verdade escondida ou latente. Muitas vezes nós andámos apenas à pesca de um qualquer sinal, uma imagem reflectida... que ligue o casal. Uma coisa surpreendente é uma afirmação de E. Keller que disse recentemente num simposium de terapias de casal: o namoro longo é o maior inimigo de um casamento feliz. E isto em Portugal tem sido verificado por mim de forma potente e constante. Parece um contrasenso que isto aconteça, dado que um casal com mais tempo de namoro deveria conhecer-se melhor na altura do matrimónio, mas é verdade que acontece. O que mais caracteriza estes casais é que nunca esperaram muito do cônjugue, nunca fizeram muita questão de que a outra parte concordasse com a imagem que tinham do casamento, normalmente são casais em que cada um defende a sua independência e não se mostra afectado pelo que acontece com o outro, o que nos obriga a reflectir sobre se o namoro longo não será uma “hibernação” emocional muito mais do que uma cadeia constante de sentimentos. Estatísticamente, estes são os casais mais propensos ao adultério feminino, mas são os casos em que o adultério feminino é mais tardio ( muitas vezes acontece ao fim de 2, 3 anos após o início do matrimónio). As razões invocadas e as razões reais divergem muito, nomeadamente pelo genuíno respeito ( e não um respeito servil) que as mulheres têm pelo esposo, traduzido num conhecimento profundo dele. Mas este conhecimento não as incentiva a melhorar, por exemplo, as prácticas sexuais, e muito menos a mexer na rotinas do casal. Ao mesmo tempo são estas mulheres aquelas que estão menos dispostas à maternidade, isto devido quanto a mim numa igualdade visceral que se traduz no pensamento, nunca dito abertamente, mas muitas vezes descrito de forma hagiográfica “porque é que eu tenho de perder 2 anos da minha vida e ele não?”. Estes casais normalmente são casais de baixa natalidade e baixa capacidade de recuperação de discussões, que normalmente redundam na separação por mútuo acordo, dado que regra geral as pessoas agridem-se pouco emocionalmente. Um dos grande problemas nestes casais é a diversidade de opções de vida, que conduz a encontros muito rotineiros na fase de namoro, pois a fuga À rotina nestes casais é motivos de tensão e com rotinas fortes normalmente evita-se discussões entre pessoas inteligentes. Normalmente ela tem uma visão acessória do sexo, que não muda com a descoberta do parceiro extra-conjugal. O grande problema quando um casal destes me entra pela porta do consultório dentro é eu perguntar-me até que ponto estão ali por honestidade ou por dissimulação. Ou seja... até que ponto é possível alguém que vive uma relação apenas baseada na sua racionalidade é capaz de lidar com emoçoes da outra pessoa?