O fétiche, o pénis, a falta dele e como as mulheres já não são quem eram no tempo de Freud
Written as FREUD
“Organisation particuliére du désir sexuel, ou libido, telle que la satisfaction complete ne peut pas être atteine sans la presence et l’usage d’un object determine, le fétiche, que la psychanalyse reconnâit comme substut do pénis manquant de la mere, ou encore comme significant phallique…”
A. Binet
Um amigo meu insiste que tenho um fetiche por mamas grandes. Pensando bem na minha vida sexual, as parceiras das últimas semanas eram bastante avantajadas mas aquela com quem comecei um relacionamento de características mais monogámicas tem uma linha assustadoramente esbelta. E não é que tenha feito nenhuma escolha particulamente decidida por ela. O nosso encontro foi tão violento e tão súbito que é quase impossível imaginar que tivesse existido qualquer interesse entre nós que não fosse o prazer de partilharmos os mesmos espaços e vivermos dentro do espírito um do outro... enfim...
O fetichismo tem uma susceptibilidade tremenda que é o facto de tentar compensar uma qualquer ausência evocada directamente por uma qualquer impotência. Aquilo que é fétiche é também fraqueza, porque expõe a líbido da pessoa a um elemento que, quando não é aceite pelo parceiro pode susceptibilizar imenso a vida do indivíduo. Se o parceiro não aceita que lhe chupem os dedos dos pés ou os sapatos ou que lhe cheirem os sapatos então o indivíduo entra em desiquilibrio emocional, que era mantido por esse tímido desejo. Classicamente temos a ideia de que as pessoas desejam os genitais. Eles são os elementos reprodutores, no homem são o único elemento erógeno e nas mulheres só temos além deles os peitos. Então porque o desvio pra ritualizações excitativas com outras partes do corpo sem qualquer utilidade sexual? Em mim, assim como em A. Binet nos anos 30 tenho a convicção de que ao nos desviarmos da sexualidade entrámos num domínio da não satisfação sexual e portanto eliminam-se as necessidades de corresponder a um desempenho. Normalmente o fetichista reduz-se à masturbação enquanto executa o elemento-fetiche. O seu desempenho depende apenas do seu prazer e não do outro ( duvido que haja muitos parceiros fetichista a desejar receber massagens nos pés ou que lhes lambam os sapatos) e assim eliminando esta tensão o fetichista pode-se concentrar apenas no seu desempenho. Vejam bem que o fetichismo é uma tendência extremamente moderna e só muito muito muito recentemente surgiram os fetichismos actuais ( no final do sec XIX pra ser mais concreto) com as motivaçõe smodernas. Anteriormente, os fetichismos eram elemantos desviantes no sentido em que o acto sexual poderia ter consequências graves em relações adúlteras e portanto era necessário existir uma colmatação destas com elementos díspares. Além disso, a ausência do orgasmo feminino ou sua diabolização faziam com que o fetichismo fosse mais interessante para as mulheres como forma de se superiorizarem momentaneamente aos homens, de os ver por momentos passivos, sendo que o fetichismo foi até essa altura associado ao masoquismo, mas estando o elemento doloroso ausente. A falta de desempenho sexual dos fetichisas modernos mostra-nos que é muito complicado associar elementos do passado com o presente das motivações.
Outra questão é a necessidade de exteriorização da actividade fetichista. Os fetichistas modernos gostam de se travestir no elemento que tem o fétiche, normalmente em roupas de tipo sado-maso. Ou seja, a encarnação de outra personagem em vez da assumpção plena do seu desejo mostra a auto-culpabilizaçao que emana, o desejo reprimido que encontra na roupa uma forma de auto-identificação e auto-punição ao mesmo tempo... Payne definia muito claramente o fétichismo como uma forma de prevenção de uma verdadeira perversão, mostrando que as crianças, ao fazerem associação de Mau/bom nos objectos que as rodeiam exibiam a incapacidade de féichar as sua relações de carácter fálico e portanto o valor do fétichismo era mais como valor preventivo. Mas olhando de relance prós estudos recentes de Dryer e Marks Ollen os fetichistas adultos são pessoas extremamente tímidas, iniciaram tarde a sua vida sexual, sofrem de uma baixa auto-estima ou de deformações físicas auto-impostas tais como a obesidade e não conseguem evitar a ejaculação precoce. Ou seja, o fétichismo como elemento sexual é univocamente associado aos homens, e as mulheres muitas vezes justificam a sua participação nestas invocações por “amor” ou para agradar ao parceiro, mas sem verdadeira satisfação sexual. O próprio facto de os fetichistas não desejarem assumir-se na sua “pele” como fetichistas e só sentirem desejo de prácticas fetichistas com as roupas próprias nas ocasiões em que pretendem comsumar o fétcihe em si mostra a dificuldade em assumir a necessidade-fétiche fora de um contexto de expurgação do mal...
Outra questão é que o fetichismo descontrolado parecia nos tempos de Dreud apanágio das mulheres e não dos homens. Freud deixou, no volume 4 das suas notas várias referências a casos de fétiches em mulheres que hoje em dia associámos quase inteiramente aos homens, como o fétiche de cheirar e lamber e massajar pés. Esta reversão desde o início do Sec XX e o início do Sec XXI mostra como evoluiram as necessidades sexuais e os confrontos de pressão sobre a performance entre os sexos. Hoje em dia é o homem que está a sofrer com esta constante pressão da mulher pra obter o orgasmo, mas é sobre orgasmo que versa o próximo texto portanto não me vou alongar muito sobre ele... digámos apenas que Freud referia o desejo que a mulher tinha de que lhe lambessem os pés como forma de compensar o pénis ausente mas hoje em dia, em tempo de maior liberdade e igualdade, é surpreendente que a mulher já não sinta falta deste orgão-fantasma. E cada vez mais jovens as mulheres começam a masturbarem-se e a desejar dos seus parceiros mais e mais orgasmos, iguais aos que sentem precisamente quando se masturbam... e eles claro... vão-se sentindo mais e mais impotentes pra fazer valer as suas vontades, os seus desejos... as suas tendências... e assim com este desvio tentam repescar um pouco daquele pénis perdido quando as mulheres passaram a ser iguais e até rivais dos homens. Assumindo que lhes falta o “membro” social passam para a perspectiva de “escravos”, que atinge o seu apogeu com o masoquismo, em que a mulher provoca dor física e privações várias no seu corpo e mente.
Quanto ao meu fétiche, ele sem dúvida quem vem de um associação de peito grande-inteligência superior que cultivei até aos dias de hoje. As mulheres mais inteligentes que conheço têm o peito grande portanto foi com naturalidade que esta associação associada a um desejo crescente de conhecimento fez com que me atraisse com muita maior frequência por mulheres com essa característica mas sem descuidar o elemento sexual. Continuo a adorar fazer sexo com elas, especialmente sexo anal e que me façam oral com afundanço portanto não houve um qualquer desvio nos elementos de satisfação associados. Mas gosto de sentir um bom par de mamas na boca, e nas mãos já agora, de puxar o leite ao mamilo e de o chupar, numa fantasia que partilho com 99.99999% dos homens e cuja explicação dispensa aprofundamentos ; )