quarta-feira, novembro 16, 2005

TIOS PERVERSOS



Written has Freud


Se me tivessem dito há quase 4 anos que iria ter hoje os meus tios a pedirem-me conselhos para a vida matrimonial deles (sexual incluída), teria imediatamente regressado ao avião e voltado para os Estados Unidos. Mas como regressar vem de regressão e regressão é sempre o retorno a um estado inicial, aceitei o desafio de me manter em progressão. E lá chegámos aqui. O senhor António e a Doutora Margarida a perguntarem-me como é que eu, solteiro e bom rapaz, os posso ajudar a encontrarem pontes. Suspeito que se falhar nesta missão os meus primos me vão culpar pelo divórcio que já está eminente à 10 anitos, desde a primeira escapatória confessa do meu tio (as outras a minha tia tinha decidido que por serem tão bem escondidas eram a prova de que o amor que o meu tio lhe tinha, não sendo único, era ao menos sincero, pois não lhe feria os sentimentos abertamente, logo isso era sinal de um sentimento presente). Desde o início da minha “carreira” sempre rejeitei tratar pacientes com diferença assinalável de idade mental em relação à minha, o que me leva a raramente aceitar mais além do que da primeira consulta casais com idades médias acima dos 35 anos. Mas têm existido excepções, honrosas excepções, diga-se de passagem, pessoas daquelas que até nos sentimos roubados por sabermos finalmente da sua existência e nunca nos termos cruzado com elas em anos anteriores. Mas os meus tios não são sementeira desta lavra, são majestosos burgueses, de antepassados agrícolas (o meu tio é mesmo proprietário de um entreposto de máquinas agrícolas), nada abertos a mudanças de rumo, certos da infalibilidade do caminho passado, seguros do futuro pela força das directrizes enraizadas no exemplo dos ancestros (por oposição a ancestrais, que são familiares passados que são modelos, os ancestros são familares que não devem ser seguidos nas suas condutas) passados. Enfim… o pedido deles, ainda por cima simultâneo e feito no meu templo (vulgo consultório) deixou-me desarmado para esboçar possível recusa, escusa por “proximidade do contexto familiar” “ incapacidade de aceitação do modelo por demasiada proximidade afectiva”… enfim… toda aquela bateria de desculpas que eu poderia dirimir caso me apanhassem em separado e noutro local de combate. Mas a sua chegada conjunta, a forma como me atacaram frontalmente não me deixaram lá grandes possibilidades de escape. Assim, o caso foi aceite sem grandes discussão da minha parte. Tirando o facto de imaginar a vida sexual dos meus tios ser quase como imaginar os mais pais numa versão de desenho animado nada me impedia de tomar a tarefa em mãos.
As questões surgidas destas sessões são aquelas que penso irão dominar o debate da sexualidade nos próximos anos. O casamento muitas vezes é definido por factores muito mais pragmáticos que o mero realizar de carinhos que se querem constantes. Aliás, tenho esse enorme problema em aceitar que as pessoas casem “por amor”, o amor é por definição desprovido de estrutura, é demasiado extremo para ser contido em registos e portanto parece-me altamente incompatível com a presença constante. Aliás, um dos dramas do amor romântico foi sempre o paradigma da ausência da ‘coisa amada’, armadilha vitoriana em que milhões de seres humanos ainda caem alegremente, desprovidos de incerteza por terem medo de aceitar a imperfeição própria do ser humano, que supostamente a dois seria alcançada. Com a culpabilização do adultério, os direitos da mulher empacotados na parte técnica da frase bíblica “Crescei e multiplicai-vos” (frase épica dedicada à realização de um Destino que seria na altura masculino) este sistema manteve muitos casamento bem solidificados. A importância do sexo era uma importância essencialmente de satisfação da parte masculina, o homem é que carregava o produto místico, numa inversão do matriarcado que sobrevinha da pré-história, em que a mulher é que decidia quando se daria a concepção. A ejaculação masculina, associada ao simultâneo orgasmo, punha a questão da satisfação sexual do lado da mulher, ela é que tinha de se adaptar aos ritmos do homem, e uma mulher gostar muito do sexo era até suspeito, pois aí punha-se que se os dotes do marido não bastassem então o casamento estaria em risco. Foi assim até hoje em Portugal, sinal de que estamos mais do que nunca afastados da Europa moderna, sinal de que em vez de procurarmos novos paradigmas nos contentamos em reciclar velhos ciclos. Mas vamos falar dos meus tios, que lhes prometi dar testemunho do caso deles.
Conheceram-se num “baile” em casa dela, dançaram muito e simpatizaram quase instantaneamente. O namoro foi facilitado por pais conscientes do aforro que a união das duas fortunas ancestrais traria, e nisso foram felizardos em relação a muitos casais da época. Conheceram-se bem, partilharam muitos momentos juntos, sendo “da aldeia” chegaram ao ponto extremo de urbanidade de irem ao Coliseu do Porto ver vários concertos durante o namoro. O casamento veio sem grandes dúvidas, marcado por uma noite de núpcias com muito jeitinho que ambos eram virgens de corpo e alma, nunca antes tinham entregue o coração, nunca antes tinham entregue o corpo. Depois a realidade, que afinal tanto amor tinha limites, afinal a tal fusão não se deu, não passaram a ser um só. Ela continuou a detestar velocidade, ele a adorar carros velozes, ele continuou sem perceber nada e sem se interessar nada por pintura, ela continuou a rumar ao Soares dos Reis para ver obras de arte que achava de uma beleza extrema e a tocavam profundamente. Ele continuou a precisar de ao Domingo almoçar com os pais, ela da companhia de cidades estranhas, de viagens esclarecedoras das diferentes morfologias do Mundo. E nessa diversidade vinha também o emprego de cada um, ela sempre de prevenção como qualquer médica estagiária, ele sempre com tempo livre para cultivar afectos, como qualquer proprietário de um stand de automóveis.
E depois a reclusão do sexo a uma troca de interesses marcado pelas concessões do momento. Ela sempre que era contrariada a abdicar de lhe dar prazer, ele sempre que era contrariado a ir dormir para outro quarto, sabendo que a ausência física lhe doía mais a ela que a ele. O sexo como coisa de homens, ouvia ela da boca de todas as amigas, eles não passam sem isso, não conseguem viver sem isso, “ás vezes até o faço só para ele não arranjar amantes”, a crua verdade que ela se recusava a aceitar, culpada já das transacções que se davam nos lençóis “querido, vamos de férias para Cuba?” e ele no fim da queca rápida e volátil a prometer que sim. Ele rapidamente descobriu que existiam mulheres tão estóicas como ela, primeiro as mulheres da vida, que se punham a jeito para o sexo por alguns escudos, depois mulheres em busca de posição social que achavam perfeitamente aceitável que o homem tivesse prazer por via dos pagamentos que fazia no restaurante. E ela também descobriu outros amores, o de 3 filhos que lhe foram tomando mais e mais tempo, enquanto ele cada vez passava mais tempo longe do trabalho, o lar quase só para ela, o lazer quase todo para ele. E depois a constatação da traição, da infidelidade, a certeza de que o sexo já não era amor, que os filhos não eram a mesma coisa para ela e para ele, não preenchiam ambos da mesma forma (ela suspeitava que isto tinha a ver com a ausência de participação dos labores no lar, mas não se ia queixar do marido ‘tão bom para ela’, que nunca ‘lhe tinha levantado a mão’ e nunca tinha tido a lata de dar a conhecer as suas amantes nos círculos de amigos). Ele cansou-se de amantes, ficou-se por uma com quem estava de vez em quando, foi ficando mais e mais tempo para casa, redescobriram o prazer de viajar, redescobriram o interesse pelo Coliseu, pelo teatro, chegaram ao ponto de fazerem sexo numa praia quais garotos adolescentes. Porém, o prazer não sobrevinha para ela, continuava fechada naquela certeza de que o prazer era coisa de homens, e ele a dizer para ela procurar ajuda, e a ajuda a dizer que estava tudo bem, um sobrinho que andou lá por fora a dizer que se calhar o problema era dele, mesmo ele enrijando e ejaculando como um relógio suíço. As conversas a medo com o jovem, as questões perturbadoras e directas, feitas sem o respeito pela idade “tia, quantas vezes se masturba por dia”, estes jovens, tão mecânicos, não conseguem pensar no amor. Depois a conversa do sobrinho com o tio, a explicação de que ele, já tardio para estender os tempos de penetração por hábito enraizado teria de “masturbar” a mulher em quem apenas se limitou a deixar entrar “lá para dentro” o membro. a primeira noite em que usaram a ‘receita’, ela com os pêlos púbicos removidos como nunca os teve, ele a colocar a mão directamente nela e sem ser para orientar o membro para dentro, a procura do pequeno sítio lá em cima, a carne amolecida por anos e anos de imobilidade em consultórios e numa casa sempre com afazeres, a descoberta, o tremer, o suar, o arfar, a novidade de ela pedir mais quando antes se limitava aos ditames do desejo dele, por fim o êxtase, e o êxtase por várias vezes. O regresso, a dois ao consultório, as conversas despreocupadas, as explicações de um miúdo com metade da idade deles, a explicação das dificuldades para o futuro, dos obstáculos a vencer, a promessa dela de melhorar a forma física, a promessa dele em explorá-la toda. Mais sessões, mais descobertas, os filhos que apanham os pais aos beijos, que os surpreendem em poses menos patriarcais no sofá grande que nunca foi partilhado até aí, até ao dia em que os encontram, em pleno jardim, em coito oral mútuo. O choque, o temor, o nojo…
Imaginem pelo que eu passei então!!!!!!!!!!!!!


(ao contrário do que possam pensar, este texto não foi escrito relativamente aos meus tios Margarida e António, refere-se apenas a um casal amigo mais velho, o uso do parentesco é totalmente ficcional ; ))))))))) para os membros da família que por cá já passam não se assustarem muito ; ))))))))))))

terça-feira, outubro 25, 2005

“Socialistas ao poder é pôr mais meio Portugal a foder”




Poderia ser este o nosso hino em relação à nova conjuntura do poder. Um governo socialista é sempre uma benesse para a nossa classe, já assim foi com António Guterres, e assim irá ser com José Sócrates. Este partido tem, além de um muito melhor gosto para escolher as meninas, uma perspectiva muito mais relativa da ocupação do chulo. Aliás, foi absurdo o conjunto de medidas tomadas na recta final pelo Governo de coligação, nomeadamente a avalização de operações de deportação de meninas ilegais. E foi aqui que pela primeira vez a união fez a força, num mundo como o nosso, marcado por tanto individualismo ao longo dos últimos 30 anos. Sabendo de antemão das operações em curso, um dos nossos colegas com laços mais estreitos com as forças da ordem (a filha dele fode regularmente um vice-director da Judite) alertou todo o grupo presente na nossa Primeira Conferência, eu e Tadeu Bastos, excelente exemplo de profissional da noite de Coimbra, tratámos de garantir os “empregos” para as jovens, desde cabeleireiras até manicures, passando por secretárias em part-time, operadoras de linhas eróticas e sabe-se lá que mais, tudo legal, e quando as operações se desenrolaram todas as meninas que trabalhavam nas casas de membros dos nossos Associados viram o seu estatuto de emigrante totalmente assegurado. Aliás, foi de facto uma grande surpresa para o SEF a organização com que o mundo do lenocídio (nós gostámos mais da palavra chulos que desta, mas que fazer?) lidou com esta rusga foi surpreendente. No dia a seguir ás prisões, todas as nossas operacionais estavam cá fora com um pedido de desculpas do Estado Português e a cona solta para dar no duro e no mole noite adentro. Os advogados estudaram a legislação e jurisprudência para trabalhar os aspectos legais daquelas a quem não foi possível arranjar emprego por claramente não terem aptidões para nenhuma profissão (o que acabou por ser bom, porque essas normalmente são as mais velhas e portanto já asseguraram ao chulo o retorno do investimento na plenitude) e assim, ao serem libertadas, ficaram muito mais ligadas ao chulo que as mantém aqui no país.
Já aqui foi dito muitas vezes, e volto a repetir. Uma puta não é apenas um número de fodas que correspondem a determinado saldo bancário para o chulo. Uma puta é uma mulher que, tanto a foder como num trabalho legítimo, corresponde a determinado saldo bancário para o chulo. Não devemos ter medo da legalização da nossa actividade, ela é que nos conduzirá verdadeiramente ao controlo das putas de baixa qualidade, doentes, que imperam nos circuitos de distribuição do putedo nacionais. Vejam a questão das putas de Leste. Durante anos andou-se a amarrar estas putas ás camas para serem abusadas por clientes de forma que se pode considerar, no mínimo, um pouco exagerada no contexto sexual. O que é que acontecia a essas putas quando caíam na mão da Judite? Apresavam-se a apontar os dedos acusadores aos antigos patrões, sabiam que iam ser reenviadas para casa e portanto o chulo português não as poderia prejudicar no país. Deixavam o testemunho por escrito e lá iam à vida delas, o chulo ficava com o negócio afectado por meses devido ao processo-crime. Ou seja, o chulo era visto como um opressor da mulher e portanto não tinha hipótese de lidar com ela numa perspectiva integracionista, ou seja, de integração na sociedade, procurava apenas sacar-lhe do corpo o dinheiro que achava que lhe era devido. Integrar a puta na sociedade permite a integração do chulo a médio prazo na sociedade. Como empregador, o chulo ganha um novo poder de iniciativa que lhe é vedado pelas espúrias leis anti-lenocídio em Portugal.

sábado, setembro 17, 2005

Puxão de Orelhas II

Written has Freud


A última mensagem era clara em relação ao meu pessimismo em relação ao comportamento sexual dos homens no leito, quando esse desempenho é (eufemismo caridoso) inferior ao esperado. Mas ficou prometida nova arremetida, desta vez contra outra classe, esta multi-sexual: os ginecologistas. Então vai-se atacar assim quase-colegas? Pois, vai-se… já ataquei aqui a minha própria classe, era só uma questão de tempo até fazer razia nos quase-colegas de profissão : )))
Um ginecologista vai fazer um exame pélvico a uma paciente e a vagina desta contrai-se violentamente, não permitindo que o exame decorra em condições normais. A paciente diz-se à vontade com o profissional e não tem explicação para a contracção. Reacção do ginecologista: está tudo bem. Depois essa paciente vai para casa, ter sexo com o companheiro. Acontece-lhe o mesmo em versão peniana, o companheiro desiste a meio do acto por entre o choro dela ou apressa-se a acabar e vira-lhe as costas, sinal de macho latino ofendido por mulher que lhe nega o supremo prazer de uns grunhidos e arfares mesmo que inventados. Agora digam-me, vocês que tão sempre a dizer-me que eu nunca tomo o partido das mulheres, sacando-lhes a massa e ainda por cima colocando-lhes as culpas todas do mundo: acham que o “está tudo bem” do ginecologista vai adiantar alguma coisa face a tamanho fiasco de correspondência básica sexual?
Já vos imagino a pensar (atrevimento supremo antiético, até imagino o que vocês pensam) “o que tu queres é que os ginecologistas te mandem as pacientes para as “tratares”” : )))))
Não, o vaginismo não é instantâneo, resulta de um progresso feito de pequenos passos na direcção do pânico que acabam por se tornar um automatismo redundante. Ou seja, para evitar mais um pouco de dor, antecipando toda a sequência que iria levar À agonia suprema da violação, a vagina comprime-se totalmente. Lá está, para pequenos males, grandes remédios.
Assim, não seria nada de transcendente o ginecologista perguntar à paciente “sente este tipo de contracção durante o acto sexual?”, ao que ela invariavelmente lhe responderia “SIM, POR FAVOR, AJUDE-ME!!!”. Contra mim falo: casos gravíssimos de vaginismo que me chegam ás mãos nunca chegariam ao patamar de desespero que depois constato e portanto não contribuiriam para mais um carro, mais uma casa, mais uma viagem ; ))))
Porém, o paternalismo presente em grande parte das relações médico-paciente (tão bem denunciado pelo Éme no seu blog Murcon a 29 de Março) não permite a uma dizer o que tem, a outro perguntar o que se passa. Fisiologicamente está bem e portanto ESTÁ BEM!!!
Sou contra esta simplicidade de procedimentos, que depois redunda numa complexidade difícil de desfiar por parte do terapeuta, dado que muitas vezes, constatado o vaginismo a paciente conclui: “mas o meu ginecologista diz que comigo está tudo bem”. Enfim… um verdadeiro drama, a que nem sempre as respostas são fáceis de dar. Se por um lado não queremos chamar mentecapto ao digno colega, por outro queremos que fique inscrito na pessoa a ideia de que o problema terá de ser resolvido antes de se começar a falar de questões emocionais. É que com a cultura de sexualidade de pacotilha vendida nos escaparates de revistas que temos ás pessoas qualquer processo mecânico de terapia sexual parece-lhes um verdadeiro atestado de anormalidade sexual e portanto passível de ser revogado por conselho de terceira pessoa, neste caso, o ginecologista. E entramos neste círculo vicioso, onde o comodismo e os medos da pessoa se unem de forma despudorada para dar origem a interpretações meramente afectivas onde grande parte delas são de ordem da mecânica sexual.
Devemos então acreditar pouco nos ginecologistas, profissionais de facto do sexo? (profissionais do sexo fica mal, demasiado putain ; ))) )
Devemos acreditar nos ginecologistas quando o que eles nos dizem contribui para a sintomatologia sexual :)

segunda-feira, setembro 12, 2005

Potencial Fodal

Writen has PIMPO



Na última palestra ficou prometida uma abordagem ao potencial fodal como elemento fundamental do prosseguimento de uma estratégia de qualidade e durabilidade da puta por parte do chulo de hotel. Vejamos pois as cambiantes desta questão num esparso resumo.
O Rendimento Geral (RG) da puta é 50% do valor contratado para uma foda vaginal com broche incluído (mas limitado ao tempo que a puta desejar e feito normalmente sem afundanço do membro na garganta). Vamos tomar o valor geral de um serviço de hotel: 200 euros.
Uma puta que faça 5 clientes num dia ganhará por dia 500 euros portanto. Por mês serão 10.000 euros. Parece muito, mas não esquecer que o que leva uma mulher a querer trabalhar nesta área é a sua voracidade em relação ao dinheiro. E não esquecer que nem todos os dias o chulo terá 5 agendamentos para todas as putas (na maior parte dos casos terá 3, o que equivalerá a um rendimento de 6.000 euros para a puta). Assim, a puta para si terá um rendimento excelente, mas que raramente estará de acordo com as suas expectativas. E não esquecer que o chulo tem várias putas mas a puta só tem um chulo, o que faz com que o potencial de ser chamada mais vezes é baixo, até porque o chulo controla rigorosamente a puta em termos de anúncios de jornal independentes que ela possa colocar e outros que quebrem a exclusividade acordada. Além disso, a facilidade no trato sexual com o cliente é fundamental para a puta ser distinguida de todas as outras conas oferecidas por todos os chulos, o que é uma questão que afecta também o chulo, que depende da satisfação dos clientes para merecer a confiança dos funcionários do hotel neste tipo tão delicado de serviços. Assim, o potencial fodal da puta é uma questão a não desperdiçar, pois não só a puta obterá para si própria múltiplos rendimentos, como se destacará dos serviços indiferenciados de outras putas, como será mais vezes chamada garantindo assim o chulo os tais 5 serviços diários para aquela puta, caso ela chamada pelo nome e não como característica corporal “quero uma mamalhuda, quero uma loira de cabelos compridos” e outras variantes. Este potencial fodal não é natural na sua raiz, mas é resultado de uma educação sexual pró-activa do chulo, que deve mostrar à puta por um lado o prazer sexual que se pode obter e por outro lado aprender a lidar com as diversas disfunções do cliente (que ocorrem com extrema frequência, em especial a ejaculação precoce) para que este se sinta livre de sorrisos estúpidos e bovinos de meninas de classe operária. A puta não é apenas uma cona, nem sequer uma cona, o cu, as mamas e a boca como alguns chulos a mimetizam. A puta para muitos homens é uma terapeuta, uma técnica de saúde, uma companheira acrítica, e portanto uma companhia agradável e que se quer ter regularmente. Esta qualidade funciona mesmo com clientes esporádicos estrangeiros. Quantas vezes já não trazem, facultado por amigos carinhosos, os nossos futuros clientes cartões obtidos por via de colegas com o nosso preciso número de telefone, evitando-nos a nós a taxa de requisição de serviço. Este potencial é inacreditavelmente profundo e não deve ser desmerecido pelo chulo. A preparação da puta, a uniformização de trato e a garantia de boa coloquialidade permite ao chulo ter constamente trabalho e À puta fontes de rendimento extras por via do seu superior adestramento (do qual o sexo anal e o sexo em grupo são os “extras” mais conhecidos)

sábado, setembro 03, 2005

Puxão de orelhas I (ou a velha história de os tipos se gabarem que em 5 minutos estão despachados)

Written has Freud


Nesta e na próxima mensagem vou bater forte e feio em dois grupos da nossa sociedade: nos homens e nos ginecologistas, partindo do mesmo problema terapêutico: a anorgasmia feminina.
Uma das perguntas mais frequentes depois de um processo empírico-científico-emocional relativamente à melhoria das condições em que se desenvolve a sexualidade da paciente é: porque é que nunca nenhum homem se preocupou em fazer estes gestos tão simples? A resposta, ao contrário dos gestos, não é nada simples ; )
A conduta sexual (a sexualidade é algo mais geral e complexo) é desenvolvida a partir de dois pólos de tensão: o objecto de desejo e a partilha de experiências com os pares. Parte da atracção sexual da pessoa, depois é polarizada pelo grupo com quem a pessoa se identifica sexualmente como o grupo próprio, e depois há a pratica, a expectativa e a consumação (ou não, mas sejamos optimistas).
A de parte substancial das mulheres é feita sob a máxima “princesa adormecida”, que um dia será tocada da forma certa (hoje mais o acto sexual do que o beijo) pelo príncipe certo (não será por um ogre nem por um tipo vulgar) e portanto não há nada a apreender, a masturbação é brincadeira para não ser muito levada a sério, no sexo será ele a liderar pois ele terá sempre, pelo menos alguma, experiência, e tudo irá correr bem, o amor triunfará e tudo será maravilhoso e surgirão maravilhosas e únicas matizes até agora desconhecidas da espécie humana. A unicidade que se espera de uma expectativa tão comum, sabem hoje todas as pacientes que me entram porta adentro, é democraticamente optimista e quase sempre infundada. Porém, as revistas de culto cultivam o orgasmo como missão insubmissa a não recusar de forma alguma e portanto tornou-se quase prova capital de indigência a ignorância sobre ele (e pior ainda, a sua recusa como elemento central de uma certa medida de “felicidade”). Resumindo e concluindo, chegam ao consultório e o maior problema é mesmo admitirem que não o desfrutam, mais do que os reais problemas emocionais associados a essa “cheery on top”.
Ou seja, já devem ter percebido. A pressão social sobre o prazer feminino continua a ser para muitas mulheres mais importante do que o prazer em si. Estão em grande medida mais preocupadas com a admissão de não ter prazer do que com o seu problema intrínseco (não ter prazer). Ou seja, em vez de porem em tribunal a Cosmopolitan ou a Elle vêm ter comigo.
Mas este texto é sobre homens e a culpa deles, não sobre a culpa da culpa das mulheres ; )))
Como disse já neste texto, além da orientação sexual, que nos impele para o objecto do nosso afecto de forma ainda misteriosa, a conduta sexual apoia-se na forma como se constrói o imaginário a partir da informação disponível. Mas atenção, não se aceita informação disponível a partir de diversas fontes de forma igualitária, e o grupo de amigos do mesmo sexo não será de certeza tão influente como um livro, ou site, cheio de “boas praticas” mas sem quase nenhuma correlação com o que é ouvido no grupo com o qual o jovem se identifica.
Mas o mecanismo mais preocupante é o de “sucesso” das práticas sexuais dos colegas do grupo. Se alguém faz sexo uma, e outra e outra vez é porque, obviamente, está bem visto entre o género-alvo. E portanto será fonte mais do que bastante para o sucesso, sendo que aqui o sucesso começa a divergir entre o sucesso de conseguir o acto sexual e o sucesso de o acto sexual ser satisfatório para a outra pessoa, que é reforçada pela masturbação durante grande parte da adolescência, acto solitário bom para a percepção das benesses do sexo mas péssimo ao fazer do orgasmo coisa vivida a um.
Esta divergência é reforçada com as primeiras experiências sexuais em que a mulher não tem prazer absolutamente nenhum, por uma ignorância miliante e por um pudor feminino que é interpretado muitas vezes convenientemente por um “toca a despachar agora que tenho a oportunidade e antes que ela se comece a queixar que dói muito”.
Eu sei, eu sei, quantas vezes bato nas mulheres por rejeitarem a si próprias o cumprimento do seu destino de género que retira do acto sexual a parte de leão do prazer, mas esse não é o caso hoje ; )))
O problema é que os homens sabem hoje em dia que o prazer feminino anda aí, mas a ignorância é má companheira de afirmações de que se as come todas e fazer perguntas a um fratelli sobre o assunto será coisa de suspeita virilidade, já para não falar no facto de grande parte do discurso sexual girar à volta de “comer gajas”, o que normalmente traduz um acto unilateral de posse de mulher estóica e passiva. “ser fodido por uma gaja” normalmente está associado a ser traído ou gozado e raramente à sua homónima versão sexual. Temos portanto um tremendo imbróglio educacional que depois baliza de forma quase apologética e doutrinal a praxis sexual, sejam quais forem os resultados. Aliás, a necessidade de mostrar que se é “bom na cama” ás mulheres normalmente só toma importância para o homem no início da relação, quando a mulher (horror dos horrores) já teve parceiros passados ou por insegurança dele face ao sexo (se bem que esta insegurança normalmente é cultivada por via do ciúme, infelizmente) tão cientes que os homens estão de que esse facto não será motivo para o fim da relação.
Portanto, de regresso ao topo deste texto e ler de esguelha até cá abaixo. Não é que os homens sofram de uma incapacidade fisiológica em dar prazer à mulher. Apenas são dessensibilizados dessa preocupação por um percurso do qual participam normalmente as próprias mulheres, elas próprias ainda sob grande influência de modelos sociais prevalentes, e porque não dizê-lo, ambivalentes. Depois essa incapacidade traduz-se numa constante insatisfação face ao sexo, porque no fundo eles sabem que elas não ficaram satisfeitas. Reparem que os homens sexualmente menos competentes, mesmo os que garantem que não o ser, são aqueles que depois mais ciumentos são, normalmente assentes noutras falhas de carácter, mas sempre com este medo de perda por desempenho.
Curas? Ui ui ui… vou-vos expressar a dificuldade da tarefa: É MIL VEZES MAIS FÁCIL MELHORAR A CONDUTA SEXUAL DE UMA MULHER DO QUE A DE UM HOMEM.
E mesmo melhorar essa conduta tem um terrível downside, pelo que muitos colegas meus acabam por nem sequer ir por aí: a melhoria por indução terapêutica tem-se feito pagar com o elevadíssimo preço de o homem assumir que está a fazer aquela melhoria não porque isso vá melhorar a percepção que as mulheres vão ter da qualidade sexual dele mas por causa de uma qualquer disfunção sexual DAQUELA mulher. O raciocínio parece complexo mas não é assim tanto. Temos um homem, que antes da actual companheira/esposa teve 6 ou 7 parceiras, nenhuma apresentou queixa veemente sobre o seu comportamento sexual. E de repente, e por vezes ao fim de 3 anos de namoro e 2 de casamento a actual diz-lhe que alguma coisa está mal. Devaneio de mulher, forma de chamar a atenção, pensará tantas vezes ele. E nós como arauto da ignorância geral dos psis, que nos pomos do lado da gaja como forma, quem sabe, de a seduzir, mostrando-lhe um oásis de prazer sexual a que ela, por disfunção de mulher frígida, nunca poderá aceder.
E é por isso que vocês levaram este puxão de orelhas hoje ; ))))

segunda-feira, agosto 22, 2005

Putedo de rua e a sua lenta e eterna agonia. Ode do chulo de hotel feita de dentro do seu MERCEDES

Writen as PIMPO


Na última missiva que partilhei convosco referi que a auto-organização de uma classe era função determinante para a sua aceitação pela sociedade. O controlo realizado pelos chulos nos hotéis portugueses tem trazido vantagens enormes à classe e aos seus membros. O que deixa a questão leviana (e nesta profissão é quase tudo leviano) de tentarmos perceber se este tipo de dinâmica se aplica aos chulos de rua. Desde as primeiras linhas neste local de salutar troca de ideias expliquei as diferenças amiúdes entre um chulo de rua e um chulo refinado de hotel e as inenarráveis dissemelhanças entre ambos. O chulo de rua está dependente da passagem do cliente no local, vive de uma puta que obtém rendimentos escassos e portanto interessa-lhe que ela foda com o máximo de clientes. Ora este chulo não domina o acesso da puta ao circuito de distribuição e pouco mais lhe pode oferecer do que a segurança dos seus músculos (ou mais habitualmente, banhas) em troca do dinheiro dela, ganho arduamente com pessoas de gosto totalmente grosseiro, o que portanto a irá tornar mais ciosa do dinheiro e obrigará o dito chulo a maiores “intervenções” físicas no fácies da puta, que destruirá completamente a base de confiança entre ambos. A puta mostrar-se-á mais e mais relutante em entregar o rendimento, o chulo terá uma fonte de rendimento in
certa que verterá cada vez mais a conta-gotas o seu contributo para o bem-estar do chulo. É assim claro para mim que o chuledo de rua não pode ter nada a ver, por definição intrínseca do seu funcionamento, com o chuledo de luxo em bordel ou hotel. Podemos dizer que são equivalentes na actividade mas totalmente diferentes nos requisitos para o exercício das mesmas. A naturalidade com que o chulo de hotel se apresenta em ambientes de luxo e neles exercesse o seu mister permite-lhe acrescentar um valor muito para além do desejo sexual dos clientes. Ao que o cliente paga tem direitos muito mais abrangentes do que aqueles do cliente do chulo de rua. A preparação para o acto sexual é fundamentalmente estruturada para o serviço do cliente e não para a rapidez do serviço. Em termos puramente económicos, o valor acrescentado da foda com um cliente de classe social superior permite negligenciar o nro de clientes de forma mais altaneira. Igualmente, o maior rendimento per foda irá disponibilizar a puta para turnos mais longos, e para uma relação muito mais positiva com o seu chulo. Atentem no seguinte: o chulo de rua não é um verdadeiro chulo mas sim um delinquente cuja falta de escrúpulos o leva a se aproveitar do desespero de mulheres de classe igualmente baixa. O chulo de hotel não tem este tipo de relação com a sua puta. Ela enriquece, obtém independência e vil metal bastante para aos 30 anos estar colocada dentro da sociedade de forma perfeitamente independente de constrangimentos. Não terá nenhuma criança a seu cargo no fim do seu período como prostituta, terá da parte do Chulo apoio e até incentivo a deixar a vida (na exacta medida do nro de clientes que começarem a não colocar a menina como “primeira escolha” ou a não lhe darem extras). O acordo entre a puta e o chulo é estável, sendo contratualizado em 50% do valor do serviço geral. Todos os extras tendem para a puta e o chulo não mais irá fazer do que “molhar o bico” através da cobrança de “permanência” da puta num determinado hotel, dado que são numerosos os gastos do chulo em garantir que é ele e as suas meninas que são sempre chamadas para os “serviços”. Ora esta estabilidade permite uma concentração em objectivos positivos e não em agressividades várias e sem horizonte lucrativo À vista. De facto, eu sou um sócio das minhas putas e elas são, sem dúvida, a principal fonte que tenho de rendimento e portanto faço tudo por elas. Esta correspondência de interesses, esta ideia de mútua assistência é fundamental para compreendermos a forma como a puta de rua precisa SEMPRE de chulo, nem que seja para a proteger do CHULO ANTERIOR. Este contracenso é originário de imensas ineficácias na responsabilidade em trazer sucesso à parceria e é um dos principais motivos pelos quais a prostituta na rua, ela própria, muitas vezes tenta deixar de ser prostituta, algo impensável para as minhas meninas, que se os anos não lhes pesassem na cona, cu e mamas, certamente seriam eternamente putas… e eternamente felizes como nos contos, sendo eu aqui, obviamente, o príncipe ; ))))))))))

segunda-feira, agosto 01, 2005

8 casais em preparação para o matrimónio, 1 terapeuta, sexo na agenda, Deus no livre!!!

Written has Freud


São 8 casais e estão claramente incomodados. Há anos que sinto isto sempre que entro numa sala, seja de um bar, seja do consultório, seja a de uma esplanada. O olhar contrito das pessoas face à chegada do “especialista do sexo”.

-Eh pá, estão a olhar para mim com cara de quem me vai comer e nós SÓ vamos Falar de sexo pessoal! Não vamos fazer!

A piada faz irromper os primeiros risos, e uma mente treinada pelos devotos abades da sexualidade americanos fotografa a reacção de todos os presentes. A mulher de um dos casais meteu as mãos nada cara ao rir-se, outra olhou imediatamente à volta para ver as reacções dos outros e depois riu-se, outra ainda riu-se e deu as mãos ao noivo, vários homens riram em uníssono mas 2 olharam para a parceira antes de soltarem o riso. É assim o nosso trabalho, lançar umas armadilhazitas e o pessoal escolhe cair nelas.

Digo desde já que discordo deste modelo, que no máximo deveriam estar ali 3 casais mas devido ao número de interessados, teve de se fazer algumas concessões ao modelo previsto. E que portanto seria muito complicado falarmos de sexualidade num contexto pessoalista, apontando questões reais, e que faria uma triagem de problemas da forma que o grande mestre Kinsey fez: através de um questionário anónimo que por um lado me permitisse conhece-los um pouco e por outro me permitisse quais seriam as questões mais prevalentes naquela sala. E disse-lhes que estava nas mãos deles aquelas sessões fazerem algum sentido, dado que se dessem respostas que não tinham a ver com problemas ou expectativas reais sobre a sexualidade real deles então as minhas respostas iriam responder a problemas ficcionais e a utilidade daquelas sessões seria nula, e eu saberia isso em todas as sessões, olhando para as caras deles de enfado.
Os problemas eram surpreendentemente comuns para casais com vida sexual e actualmente já residindo juntos de outros estudos feitos em Portugal. O sexo surgia com uma duração extremamente curta e mecanicamente incapaz de provocar satisfação na mulher, porém quase todas as mulheres faziam uma avaliação de “muito satisfeitas” com essa duração. Um dos segredos para que as pessoas nos dêem respostas reais em inquéritos de resposta múltipla é dar-lhes opções que não contrariem as suas expectativas. Vou dar um exemplo:

Qual a duração, desde a penetração até à ejaculação, do acto sexual médio entre você e o seu parceiro?

-5 minutos
5-10 minutos
10-15 minutos
+15 minutos

Reparem bem que 10-15 minutos é ainda um valor bastante baixo para um acto sexual, se considerarmos um acto sexual sem nenhuma troca de posição e sem ritmos elevados constantes, mas como já aparece quase no limite das opções, as pessoas, imaginando-se já dentro de uma qualquer “normalidade” não terão dificuldades em escolher esta opção. Se fosse a parte inferior de um qualquer questionário e o máximo 4 horas garanto-vos que teriam respostas completamente díspares. Assim, adequando a “normalidade” à expectativa sexual das pessoas consegue-se obter maior sinceridade nas respostas: ))))digam lá se não somos mauzinhos…

Disse desde o início que muitos deles poderiam não estar aptos para aquele tipo de aproximação, que eu seria bastante directo na abordagem dos problemas e que estaria a cargo de cada um deles lidar com as questões praticas: “para isso teriam de pagar 150 euros por sessão no meu consultório”, disse a brincar.

Assim, foi surpreendente como conseguiram falar tanto e tão confiantemente deles próprios como agentes sexuais. O ambiente de confiança foi tremendo e as expectativas e a vivência sexual de quase todos os casais subiu francamente. As pessoas que tinham prática numa determinada área expuseram-no sem grande receio a partir da 3 “sessão”, tivemos várias pessoas a falar ali de masturbação, de sexo anal e sobre se é a melhor coisa do mundo ou um fetiche masculino. E de prazer, falou-se imenso de prazer, como o obter, como fazer com que ele se mantivesse, como manter o interesse em ter prazer, como lidar com as situações que contrariam a expectativa, como lidar com a mudança do corpo que a idade trás, e outros milhares de pequenas questões que nunca imaginei, eu próprio, pessoas adultas portuguesas pudessem falar sem ser ao confessor ou ao terapeuta no santuário dos respectivos “consultórios”. Digo desde já que era um rapaz optimista antes de vir para Portugal, e que abordava os afectos desta mesma forma indefinida e aberta. Mas 3 aos deste país deixam as suas marcas, de tantos paraplégicos já começamos a imaginar que o ser humano não tem pernas, cuidados redobrados nas frases, a atenção enorme na forma do que se diz, e se calhar chegando a eles por vias tão travessas perde-se o essencial.
Ai ai ai… mas chegou o momento-crime, em que esta quimera esteve ameaçada. Uma senhora ginecologista reformada que ia regularmente aos CPM falar do divertido assunto “intimidade própria do casal”, seja lá isso o que for, sentiu-se “tocada” por naquele ano não ter sido chamada para a “palestra”. Mandou aviso ao Bispo do Porto, que rapidamente, ciente da boa vontade de alma tão pura e beata, chamou o Padre e o “infiel”, vulgo eu, que, segundo a tal missiva, estávamos a “envenenar” as almas jovens. Foi assim marcada conversa com Dominicano especialista (não sei até que ponto ou baseado em que relevância prática) em questões de sexualidade. Primeira pergunta:
- É verdade que indicam como aconselháveis metodos anticoncepcionais contrários à moral da Igreja?
- Não, todos os participantes no CPM já usam vários desses métodos, portanto achámos redundante estarmos a repetir essas informações.
Silêncio. Já nem somos só nós a afrontar a Santa Madre I. Afinal os seus membros já andam nessa onda antes de chegar até nós, e o sexo começar com o casamento é apenas uma miragem.
- Muito bem, é tudo.
A entrevista durou 2 minutos, o desarme foi demasiado violento, o pobre representante e insigne inquisidor não se sentiu competente para mais nenhuma pergunta, estando assim assunto em que tinha esperado fazer tão longa alocução desbaratado à partida em coisa de um minuto. Enfim. Mantenho o meu olhar calmo, não entro em pequena conversa, só ia prolongar a minha permanência numa situação que me passa totalmente ao lado. Saímos para fora, arrasto o Reverendo para uma casa de chá, atacamos o Chai como se não houvesse amanhã, tudo calmo, muito relax.
- Você desarmou-o completamente. Já pensou em ir para a política?
- As mulheres que se sentem atraídas pelos políticos normalmente têm as mamas pequenas, não curto mulheres de mamas pequenas.
Silêncio. O meu mundo, fora do contexto, é um soporífero perigoso para as vozes alheias ; ))))))))))))

E pecador me confesso irmãos e irmãs, a minha esperança numa melhor sexualidade em Portugal aumentou drasticamente com estes 8 casais. E confesso que quando se dá a oportunidade ás pessoas de se expressarem num meio não culposo da sexualidade as dúvidas escorrem, procuram-se soluções reais, e se chega mesmo até a soluções de aplicação prática, ou seja, conducentes a essa coisinha insignificante de que nenhum de nós admite alguma vez abrir mão: a Felicidade.

Vamos ver a próximo fornada o que me sai. Afinal, eu próprio posso ser vítima das minhas expectativas: )))))))))))))))

segunda-feira, julho 18, 2005

Portugal, Portugal, Até nas putas estás na cauda da Europa :(

Writen has PIMPO


Uma das questões mais cordialmente aceites entre os chulos deste mudo é que haverá sempre excesso de oferta face à procura. Mesmo no píncaro da nossa actividade (o Verão) existem muitas mais meninas do que clientes, e esta questão do necessário sobredimensionamento deve ser discutida de forma séria e profissional. Os gostos dos clientes são variados e raramente nos pedem uma puta de um só predicado. É muito raro um cliente pedir-nos apenas uma menina “loira” ou “mamalhuda”, fosse assim o mundo tão simples e o preço do petróleo estaria a preços de antes da invasão do Iraque. Aliás, a procura da prostituição num país é sempre função da oferta. Em Portugal, números recentes mostravam que 54% dos homens tinham recorrido nos últimos 5 anos a um serviço de prostituição. Pois se na Holanda 70% dos homens no prazo de um ano recorrem a uma prostituta, vê-se bem o atraso significativo que temos nesta matéria em relação a outros países civilizados. A prostituição em Portugal é, diga-se desde já, cara.
É cara pelos riscos associados ao profissionalismo do fornecedor da menina, é cara porque as meninas locais operam normalmente como free-agents, é cara porque as meninas estrangeiras são perseguidas de forma arbitrária pelos serviços policiais. Na Holanda os serviços de estrangeiros operam dentro dos estritos limites do combate à violência dentro da prostituição e não do combate à própria prostituição, o que, não afectando a salutar concorrência, promove a qualidade do serviço. Enfim…
Mas eu já nem pelejo pelo igualar da nossa legislação à Holandesa, quando muito gostaria de ver a nossa legislação interpretada à luz da forma como é interpretada a espanhola, ou seja: a puta é livre para fazer com o seu corpo o que bem entender e ninguém tem nada com isso desde que ela beneficie de protecção fiscal e contrato de trabalho. O chulo na legislação espanhola surge como um qualquer fornecedor de serviços, não depende dele nenhuma particular forma de opressão da puta!!!

segunda-feira, julho 04, 2005

Homossexualidade ou possessão pelo espírito de António Variações? Resposta a um apelo muitas vezes repetido ; ))))

Written has Freud


”Tendo em conta que és um "expert" em sexualidade FREUD, será que posso fazer uma consulta online? :))) A que idade os jovens têm definida a sua orientação sexual? É normal e frequente os jovens sentirem-se baralhados quanto à sua orientação sexual? Ou só se sentem baralhados quando a sua orientação sexual não coincide com a norma? O que determina essa orientação sexual (genética, família)?”




Com todo o prazer lhe faço a consulta, se bem que dentro das limitações que este meio apresenta, e partindo dos poucos pormenores que me fornece. Isto de forma abnegada e despretensiosa como sempre (e já agora não se esqueça de fazer a transferência bancária à ordem de FREUD para a conta 483.393.322.000.1 do BES no valor de 90 euros). Quanto à parte do “expert”, nunca somos verdadeiramente experts, apenas vamos tendo com o tempo mais dúvidas que nos tornam mais sensatos antes de formarmos a nossa opinião, só isso :))))

Bem, é preciso balizar o discurso desde já para que se consiga algo de produtivo destas linhas que vou escrever-te:

1 - A orientação sexual não tem idade para estar definida, faz parte da identidade da pessoa e é estabelecida entre a sua atracção preponderante e as suas experiências sexuais mais ou menos satisfatórias. Portanto é parte integrante do indivíduo e da sua realização plena e não uma conduta em resposta a vontades conscientes que possa ser mudada, tratada ou sequer prevista.

2 - A palavra “normal” não existe dentro do universo do estudo da sexualidade.
2.1 – Daí que decorre que não existem também determinantes para a orientação sexual (ela é definida apenas pelo género pelo quais as pessoas são atraídas, não pelas suas supostas “causas”).

3 – Os pais quando confrontados com indícios de preponderância na atracção dos seus filhos por pessoas do mesmo sexo devem estar preparados para ouvir e não para fazer perguntas (que o adolescente não saberá responder) ou auto-recriminarem-se (de que a culpa é dos pais, que depois fará com que os próprios filhos se sintam culpados, quebrando pontes de diálogo possíveis devido a acusações mútuas).

Tudo o que te escrevo a seguir parte destes 3 pontos e só se os aceitares plenamente como verdade é que acharás o que vou escrever a seguir tolerável para os teus olhos. Portanto, se calhar é melhor voltar a ler as balizas antes de continuarmos, não? Além disso o uso do género será completamente aleatório, pois estou a falar de adolescentes de ambos os sexos ok? “O” ou “a” não são aqui importantes.


A “confusão” em relação à orientação sexual pode surgir em qualquer altura da vida da pessoa e não está confinada à adolescência. Ela resulta de um confronto entre uma atracção própria e a atracção que é preponderante no grupo de que a pessoa faz parte. Por exemplo, um adolescente perceber que consegue obter prazer a masturbar-se não das imagens de mulheres de biquinis mas sim das imagens do jornal desportivo comprado pelo pai diariamente. Ou seja, a confusão sexual é uma expressão de uma homossexualidade que desperta sentimentos de culpa por causa dos factores ambientais e a uma percepção negativa da homossexualidade.
Porém, existem pais (e mesmo terapeutas mais preconceituosos) que levam o conceito de “confusão” sexual para o campo do “é uma fase”, o que é, à luz do que hoje sabemos, é uma abordagem no mínimo negligente. Claro que podem acontecer episódios de descoberta por volta dos 9, 10 anos (estes números são bastante permeáveis, dependem de um conjunto de factores ambientais, padrões integracionistas, portanto não tomes isto como regra, pode ir dos 7 aos 12 conforme as variantes ambientais) com o próprio sexo, mas não afectam o imaginário (aliás, muitas meninas sexualmente atraídas por outras meninas têm nesta fase grandes desilusões porque acham que a sua sexualidade é predominante e depois ao verem que o que para elas era afecto para as outras eram ensaios mais ou menos mecânicos de satisfação interdita com rapazes passam por profundas depressões que podem mesmo levar a uma letargia na sua orientação sexual, e mesmo a actividade sexual desenfreada com homens).
Portanto, fundamental aqui é perceber qual é o imaginário erótico do jovem, e esse imaginário erótico determina a sua orientação sexual efectiva. Porém, certos terapeutas procuram “controlar” esse imaginário tentando mostrar ao adolescente que essa é uma “fase”. O problema vai ser que quando a fase não passar o adolescente vai-se sentir ainda mais culpado por ter falhado em ultrapassá-la e recriminado com o que sente pelo próprio sexo o que vai fechar drasticamente a sua comunicação com os pais nessa área. Se o imaginário erótico é baseado na figuração do próprio sexo então a pessoa poder-se-á dizer homossexual e o contacto com o sexo oposto será sempre uma excepção e não a regra. Ou seja, se o adolescente condescender com os pais que “gosta um pouco” de uma rapariga eles não devem ver nisto um sinal de esperança mas sim a ideia de uma tentativa da parte do adolescente para os tranquilizar um pouco.
Estas situações transitórias são sempre difíceis e altamente instáveis por a pressão dos pais para que o filho tenha companhias do sexo oposto. São altamente contraproducentes!!! Quanto mais cedo os pais se colocarem ao lado do filho na aceitação da sua orientação sexual menos este sentirá no futuro conflitos com a sua própria orientação.
E não se ponham a fazer perguntas ao adolescente, ele não tem as respostas!!! Não pode dizer porque é que se apaixona por pessoas do mesmo sexo, nem porque é que não lhe acontece o mesmo por pessoas do sexo oposto, não sabe dizer desde quando é que se sentiu assim!!! Para ver o absurdo do que estas perguntas são tentem-nas fazer a vocês próprios!!! Quais vão ser as respostas? “Desde sempre” e “Não sei, sempre me senti assim”!!!
Pois vão ser precisamente essas respostas que o adolescente vai ter com os pais, e são tão sinceras como as vossas próprias. Só mudou o género, e já vai haver gente suficiente a fazê-los sentirem-se mal lá fora para chegarem a casa e verem a mãe a chorar enquanto acaba o jantar e o pai com olhar pesado afundado no jornal. Todo o desenvolvimento afectivo levanta dúvidas e contradições, o amor familiar é muitas vezes o único local onde o adolescente se sente seguro. Já viram como é que ele se sentirá se lhes tirarem isso? Just think about it
Claro que numa abordagem de causa-efeito, seria preferível para vocês que a adolescente mudasse o seu comportamento pois isso evitaria que os pais sofressem juntamente com o adolescente o ónus social que a sexualidade do filho traz, e seria também mais fácil para as certezas dos pais, para tudo aquilo que eles ouviram durante a sua vida: que os homossexuais estão lá fora, são um produto e não o filho de alguém, são movidos por sentimentos frustrados e incompletos e não por uma afectividade que é tão plena como a dos heterossexuais. Claro que para os pais era tranquilo continuar com todas estas certezas.
Nem tentem os pais olhar para o seu filho na perigosa perspectiva “Ele não tem culpa” (o típico “coitadinho” que usámos com o drogado e com a vítima de um relâmpago) mas sim na perspectiva mais realista de que são os pais não têm culpa de terem sido instruídos pela sociedade no sentido discriminatório, os pais é que sofreram um processo educativo que não é favorável à aceitação da escolha sexual do filho e eles é que têm de ser instruídos.
Mas trata-se de enfrentar estas dúvidas tendo em vista as balizas que coloquei lá em cima. Tudo o que escrevi é inútil se elas não forem integradas na consciência dos pais. Totalmente inútil. Muitas vezes chegam-me pais com adolescentes com comportamentos homossexuais preocupadíssimos e afinal quem tem de fazer terapia são eles, as filhas estão bem com a sua orientação, mas abraçar aqueles 3 pontos é um verdadeiro trabalho de Hércules para muitos pais. Depois estas considerações que fui escrevendo por aqui abaixo farão todo o sentido (aliás, para o jovem de certeza que já fazem, basta dar-lhe este texto para a mão ; ))) )

“So you gave me a home,
And you gave me a name,
And you told: “You’ll behave like the others”.
Then you send me to school, which was all about rules,
And I learned to pretend…
And so I faked my way through school,
And now I fake my way to you,
In every face I look for signs of truth…
And when You cry I take your hand,
And when you rage I understand,
Look in my eyes: I am not like all the others,
It’s time for you to discover…
Who I am, who I am, who I am, who I am Who I am who I am…”

Tim Booth

PNF* – repararam que não usei a palavra “normal” uma única vez em todo o texto? E seria exactamente o mesmo se estivesse a falar de alguém a assumir uma escolha heterossexual. A “normalidade” serve para nosso próprio conforto sobre uma posição social e não para expressar uma qualquer realidade valorativa superior, nunca se esqueçam disto ; )))


*Pequena Nota Final

terça-feira, junho 28, 2005

A Puta na Mão do Cliente Deixa o Chulo Descontente

Written has PIMPO

Ensinar a puta, questão cara a qualquer chulo digno desse nome. O chulo seduz a puta, logo a puta fica embeiçada pelo chulo. Chulo que quebra este feitiço só com pancada irá manter a puta debaixo da sua asa, e isso, por uma questão de rendimentos (puta sovada é puta que não rende nada, já diz o ditado) não faz o estilo aqui do Je. Sabem, este ano foi com surpresa que vi tantas miúdas a saltitar para este meio. Será que há uma tentação maior de transigir da parte das meninas-bem deste mundo ou será que o apelo do dinheiro começa a corroer logo em idade mais brotas? Não sei que vos diga, mas posso dizer que nunca tive de exportar tanta puta para manter no país as meninas ocupadas (dado que enquanto que a procura é constante a oferta é extremamente variável), o que se por um lado garante rendimentos nunca vistos aqui por este lado de dentro do Ferrari, cria um claro problema educacional. Depois do chulo não há ninguém mais qualificado para instruir as meninas imberbes que se iniciam neste mundo do que as outras putas. Ora arranjar contratos no estrangeiro ás melhores meninas, que são de agrado certo ao cliente, cria um risco que nos faz a todos tremer de medo. Há mesmo chulos que se limitam a explorar a puta até ao tutano, entregando-a depois da fase óptima a bordeis dos quais recebem uma percentagem, ou então deixando-a independente e oferecendo-lhe a tão afamada protecção mas excluindo-a da lista de clientes. Hoje, nestes tempos de amor moderno, temos ainda um problema que há uns meses retratei mas que se tem agudizado. Uma puta precisa essencialmente de uma postura profissional em relação ao sexo, e esta postura ganha-se com a inserção num meio profissionalizante. Se não podemos mandar a puta para os clientes em trios, com outra puta mais competente e experiente, como é que ela vai ganhar o distanciamento essencial que esta profissão requer? E sem esse distanciamento como é que a puta se vai escudar das promessas que os clientes lhe fazem depois de uma foda bem dada? É que depois de foder o cliente promete tudo, mais dinheiro, mais tempo, hotel melhor, até a casa de férias dele, ou mesmo até a casa. Mas depois cai em si e só tenta é substituir o chulo e dando menos à princesa a ganhar. E não adianta falar nisto ás miúdas, pois elas acham que estamos a tentar impedi-las de “ser felizes”. Depois é claro que elas voltam, quando eles já se fartaram das fodas delas e não lhes pagam quase nada. Mas pronto, aí temos uma puta demasiado mecânica, boa para clientes novos e agressivos, cuja conquista lhes dá mais importância. Mas a maior parte dos nossos clientes não são novos mas sim velhos, e os velhos precisam de um certo carinho, uma certa condescendência com a sua pichota mole que só uma puta intacta no seu espírito irá dar. E é por isso que ás vezes uma oferta nova, eficiente e motivada não é o bastante para se triunfar neste mundo:))))))))))))))))

sábado, junho 04, 2005

Fala-se muito dele mas faz-se cada vez menos... e pior... sim, hoje vamos falar dele... O SEXO ; ))) PURO E DURO... COMO TODOS NÓS GOSTAMOS!!!!!!!!!!!

Written has Freud



“Proposto d’aver despenssaçom pera casarem ambos, eram os jogos e fallas antre’elles tam a meude, mesturados com beijos e abraços e outros desenfadamentos de semelhante preço, que fazia a alguus teer desonesta sospeita de sua virgiindade seer per elel mingoada.”

Não pessoal, lamento, este pedacinho de Fernão Lopes refere-se mesmo a um Rei (D. Fernando) a fazer-se a uma mulher casada (acabou por casar com ela SEM que ela se divorciasse do marido, pois isso não era possível na época). Uma das coisas que o pessoal aqui por estas bandas tem por certo é que nós hoje em dia vivemos tempos de grande liberdade sexual, de grande voracidade por tudo o que é sexual. Ora este texto, comparado com aquilo que (não) se escreve sobre a vida sexual dos líderes portugueses, sejam os da esfera política, sejam os da esfera económica é um verdadeiro comentário pornográfico. Todas as épocas têm em si uma corrente “finalista”, em que determinado momento da história é o “fim” de tudo, o “máximo” ou por outro lado a “máxima desgraça”. Temos essa opinião em relação à liberdade sexual de que desfrutámos na presente época, e no entanto isso é falso, se pensarmos nas mulheres que se passeavam em liteiras por Alexandria e se entregavam aos homens logo dentro delas, das orgias bacantes romanas que eram participadas por toda a população, dos rituais de iniciação sexual nórdicos em que os adolescentes só caiam de fossas cavadas na terra depois de se terem “correspondido” sexualmente, a parte sexual hoje em dia anda pelas ruas da amargura. E nem sequer se pode falar na questão da igualdade, pois as sociedades Romana e Grega eram profundamente matriarcais, inclusive com sacerdotisas, coisas desconhecidas nos tempos da Santa Mãe Igreja ; ))))
Portanto, o nosso tempo em termos de sexualidade não é nada de transcendente nem sequer algo que valha a pena destacar em termos sociais. Daqui a 2000 anos não existirão orgias públicas registadas pelos nossos actuais historiadores, existirão alguns registos pornográficos, mas serão atribuídos a comportamentos “desviantes” (como eu detesto esta palavra), coisa de alguns tarados que alimentaram a 12ª maior industria mundial, anónima nos seus industriais e nos seus actores ou na sua influência. Oh, aposto que ficaram tristes não foi? Anda toda a gente a pensar em fazer, como o fazer, a quem dizer que fez, quem criticar por ter feito com quem e depois vem este chato lembrar que a malta anda a montar pouco os rapazes e que aqui o pessoal tem dado pouco em cima das femmes?
Mas pareço não ser a primeira pessoa a reflectir sobre isto. H. C. Fultton apresentou em Madrid uma dissertação bastante interessante sobre uma evolução na sexualidade que vai muito de encontro a esta minha teoria. Segundo ele, todos os indicadores mostram que as pessoas cada vez fazem menos sexo, e menos sexo do que se compararmos com outras épocas da história. E mais: pior sexo!!! A quantidade de mulheres que fazem sexo simplesmente até à exaustão tem descido dramaticamente. O orgasmo feminino fazia parte da sacralização da concepção feminina e até ao Advento da nossa Santa Mãe Igreja considerava-se que o orgasmo potenciava o potencial de gravidez da mulher (o que aliás, está cientificamente certo, como podem ler no emedicine fazendo a busca orgasm, pregnancy). Aliás, considerava-se que a mulher, tal com o homem, libertava apenas no seu êxtase o seu líquido fertilizante, e portanto a preocupação com a qualidade sexual era muito mais elevada do que é hoje em dia. As conclusões de Fultton só podem admirar a quem não tenha um consultório de sexualidade aberto (que são a larguíssima das pessoas, e ainda bem porque como todos os que estão do lado de dentro de uma profissão, já estou aqui a esbracejar contra os que me querem tirar o lugar ; )))))))))))) ). Não há mais atroz do que a assustadora frequência com que mulheres saudáveis, jovens e atraentes nos entram porta adentro (tal como o Prof. Júlio Machado Vaz, justifico-me dizendo que sou do Porto) com o tal pequeno segredo de polichinelo: nunca tiveram um orgasmo na vida, não acham isso nada importante no presente e não pensam que isso vá condicionar a vida delas no futuro. Claro que nós, psis, torcemos o nariz, franzimos o sobrolho e dizemos “mmm” “mmm” e já está… simples… que mais dizer?
Temos o problema da contextualização do afecto. As mulheres portuguesas jovens ainda são, em grande maioria fãs do sexo pleno de amor. Procuram melhor sexo mas regra geral encontram amantes que seguem o mesmo trajecto inexorável: depois de umas primeiras boas quecas a coisa entra numa modorra mais ou menos previsível. E mesmo este “ser bom na cama” muito pouco tem a ver com prazer para a mulher, normalmente quer apenas dizer, em termos brutos, um tipo que aguenta mais em tempo. Chegámos ao absurdo de ouvir dizer que os melhores amantes que estas jovens tiveram eram senhores de 50 anos, que as satisfaziam em longuíssimas maratonas de 3 e 4 horas ou, como tantas gostam de arredondar “toda a tarde” “toda a noite”. Claro que há o pequeno detalhe de o membro masculino não aguentar erecções contínuas de mais de 5 horas, o que faria de TODOS estes homens machos de uma potência colossal e Portugal (ou qualquer país onde estas estórias fossem levadas a sério) o país com menor consumo de Viagra por habitante ; ))))))
Mas como tal não acontece, estas laudas ao macho latino normalmente são tão ocas como outras quaisquer que possam ser feitas. Nunca até hoje, e julgo ser já a segunda vez que digo isto, apareceu em consultórios lusos uma paciente a queixar-se de uma vida sexual hiper-satisfatória, tão boa que ela nos pedisse a fórmula secreta para desligar a fornalha que existisse nela. Mas em compensação aparecem-nos dezenas de mulheres com muitos parceiros e uma vida sexual aparentemente satisfatória em que a actividade sexual muitas vezes disfarça uma pobreza de satisfação no mínimo, e olhem que eu não sou de usar eufemismos nestas coisas, confrangedoras. Assim, muitas das vezes, começamos com a paciente este diálogo de surdos em que se procura fazer com que a pessoa em causa tenha todo o á-vontade para nos descrever a sua vida sexual, o que ela fará até ao ponto em que perceber que afinal o “sacana” do terapeuta está apenas a fazer um quadro apocalíptico de todos aqueles sentimentos que a jovem tão docemente guarda em si.
Daí que seja importante, até o inventário sexual estar completamente arrumado, que nós nos mantenhamos tão neutros. E mesmo depois temos de ir devagar, porque senão acabámos numa daquelas discussões de café em que dizemos que “a minha queca foi melhor que a tua”, que embora com algumas pacientes comprovadamente resulte, com a maior parte delas não faz mais do que deixar uns elementos traumáticos soltos e uma profunda falta de receptividade em relação à parte que supostamente vem a seguir à relativização (é essa parte que se segue ao inventário), que é a procura de percursos terapêuticos para uma melhoria de vida.
Nos tempos de hoje (vulgo presente) achamos que o sexo que temos é muito bom baseado em valores não absolutos. Eu, por exemplo, sou um rapaz muito absoluto. Não estando num acto sexual ao ar livre, que está sempre limitado por problemas de espaço ou de passagem de outras pessoas, para mim o sexo acaba em uma das seguintes situações: se a mulher só consegue ter um orgasmo (15% das mulheres são assim) então teve-o, se a mulher é multi-orgasmica então teve-os continuamente até ficar totalmente em êxtase, exausta, desmaiada, incapaz de controlar a respiração, e portanto, totalmente satisfeita. e esta é uma medida universal tão a ver???
Mas não se pode dizer isto a uma paciente, o mais certo era ela explodir em lágrimas face a tudo o que tinha perdido até entrar no consultório ou então tentar recuperar o “tempo perdido” (ou neste caso, as quecas perdidas ; )))) ) com o terapeuta e nenhuma destas situações é desejável, pelo menos para mim que já tenho uma vida sexual completa e complexa qb ; )))))))
Sendo assim, é preciso desmistificar que todas as outras mulheres estejam a ter uma vida sexual louca e plena e elas sejam as únicas desgraçadas. Este é um passo fundamental, basilar, essencial e tudo o que se consigam lembrar quando querem referir algo importante. A mulher tem de perceber que o que está a acontecer está a acontecer com a esmagadora maioria das mulheres portuguesas, só que a maioria não está disposta a fazer nada em relação a isso, e desde logo apreciar a sua coragem. Depois é preciso reverter o ónus da prova, ou seja, fazer a tal outra terrível pergunta, a tal que normalmente faz desabar a tal avalanche de lágrimas: “pensando em geral em todos os seus actos sexuais até hoje, que percentagem é que acabou com o seu orgasmo?” Meus amigos, a resposta até hoje, a resposta sincera e não a resposta rendilhada e asséptica/simpática, foi sempre “quase nenhum”. E isto muitas vezes depois de termos ouvido, com a mão no peito e olhos no céu jurando como quem está no tribunal, que a sexualidade sempre foi vivida por prazer, com grande desejo mútuo, etc etc etc, conjecturas que só fazem sentido para as tais histórias que nos contam no início das terapias e não para estas histórias que já são de segunda sessão ; )))))))))))))))))))))))
Resumindo: minhas queridas. O sexo não é bom por vocês decretarem que é. Só o sexo bom é que vai ficar verdadeiramente marcado no cérebro, e se aos 40 derem por vós completamente indiferentes em relação ao sexo então está mais que percebido que estas linhas não vos marcaram minimamente, o que até é bom, porque assim não me podem responsabilizar ; )))))))))))))))
E pronto, cá estão, passo a passo, como na Rua Sésamo, as técnicas de engagement mais utilizados por nós na abordagem à sexualidade de uma paciente. Para saber mais já sabem, apareçam no consultório ou na piscina looooooooooooooooooooo

Abraço para todos

; )

quinta-feira, maio 26, 2005

Guange qi o quer dizer "broche bom" em tailandês

Written has PIMPO



Tailândia. Quando me convidaram para vir aqui passar umas férias pensei: tão demodé, o paraíso da prostituição infantil, isso não tem piada nenhuma, já para não falar nas condições de saúde das pequenas prostitutas, que são, no mínimo, uma merda. Um chulo como eu, entendam, tem uma visão tão sensível como a de qualquer cidadão não especializado face ao fenómeno da prostituição infantil. Mesmo na Madeira recusei por diversas vezes participar nesse tipo de actividade, acho-a totalmente impraticável nos moldes da civilização moderna e com isto advém um risco totalmente desproporcional face à nossa actividade normal para um lucro nada apreciável. Ou seja, considero a prostituição infantil um fenómeno essencialmente familiar sem grandes ligações ao reino da econometria putística. Vejam: um pai numa aldeia remota de Bisangue tem vários filhos, e não há trabalho para todos, fruto de fome pura ou qualquer problema passageiro dependente da agricultura de subsistência que tem. Que faz ele? Manda uma ou duas filhas para a cidade com um tio para as vender e assim obter um rendimento para toda a família. Claro que na cidade o chulo não é nenhum chulo de luxo, a maior parte dos seus clientes são homens locais e portanto sem grandes meios para pagar as meninas. Sem elevada indiferença das forças da ordem e sem um contexto de pobreza geral, expliquem-me como é que podem fazer parecer a um chulo capitalista este negócio atractivo. Atenção, estive já em bordeis de crianças no Médio Oriente que são de um luxo avassalador, e nem faço das miúdas Kirushi que se prostituem para arranjar dinheiro para seguirem todas as modas que irrompem todos os dias na sociedade japonesa. Mas esses casos são claras excepções e relativamente ao meu país não fazem sentido. Em Portugal não há assim tantas meninas dispostas a essa actividade que valha a pena viver disso e o contexto geográfico é demasiado pequeno para criar um sistema que pela deslocalização permita escapar a controlos das ditas “forças da ordem”.
Mas pronto, cá estou, aceitei, sou um chulo prá frentex, que posso eu fazer. O desfile de crianças sucede-se pelas ruas feitas de um misto de alcatrão com terra batida, normalmente nesta segunda matéria nas zonas em que a construção de bordeis se antecipou ás prioridades urbanísticas do Estado. Nesta perspectiva de acrescento de valor ao país, pode-se rapidamente concluir que a prostituição é tão ou mais oprimida quanto o seu peso no PIB. As rusgas são planeadas de forma a não impedirem o comércio de carne, só acontecem nas alturas mortas do serviço e a primeira coisa que os guardas fazem é pedir, de forma assaz educada, para que os clientes estrangeiros se dirijam a outra casa da rua, e seguidamente partem tudo no interior. De ver que as próprias rusgas são orquestradas por uma Comissão de chulos que determina, em virtude da saúde da economia chulística, do número de operadores e acima de tudo dos equilíbrios de poder dentro da própria Comissão e mecenatos vários, quais são as casas a serem objecto de rusga. Como disse estas rusgas são muito sui generis, raramente provocam qualquer preso, os polícias limitam-se a partir tudo no interior do bordel e a colocar cá fora as crianças, que rapidamente combinam com qualquer outro bordel vizinho daquele onde trabalhavam até há minutos. O chulo que mandava no bordel destruído se tiver dinheiro vai tentar aplacar a ira da Comissão, se não tiver aproveita algumas meninas das que trabalhavam no seu bordel, combina uma taxa com a dona de uma qualquer estalagem e vende-as na rua. Daí que muitos chulos tenham ciclicamente uma descida abrupta de rendimento e estatuto, encarando isto como parte de um cíclico de vida e não propriamente como uma desgraça definitiva. A concorrência instiga a criatividade e a qualidade dos serviços prestados portanto parece-me bastante racional definir o chulo tailandês como um indivíduo altamente criativo e profissionalizado, orientando o seu comércio para grupos-alvo de clientes estrangeiros. Claro que o apoio do Estado não é explícito, nem o poderia ser nestes tempos. Movimentos contra-cíclicos em busca por supostos “direitos humanos” procuram levar aos poucos esta actividade para o gueto da ilegalidade e da indigência, o que fez com que o Governo desregulamentasse com o tempo as relações de poder entre chulo e prostituta, o que é bom para o chulo, mas mau para o tratamento que a puta recebe, e portanto para a forma como ela se liga com a sua profissão. Há casos de meninas “difíceis” que são atadas à cama e os pacientes sucedem-se até elas pura e simplesmente colapsarem de desidratação, dor ou medo. Este tipo de falta de pró-actividade obviamente condena a actividade chula ao degredo para fora da sociedade, mais cedo ou mais tarde. Mas não enquanto estou aqui. Enquanto estou aqui vou aos melhores bordéis do quarteirão de Xin-o-lah, meninas limpas, felizes, que se oferecem voluntariosamente para um Guanqe (broche) io (bom), metendo os dedos da mão na boca para mostrar que conseguem deglutir um membro de qualquer tamanho e com grande á-vontade. O chulo é uma matrona de 40 e poucos anos, muito bem conservada, ficamos na conversa enquanto os meus amigos se satisfazem com várias meninas das mais diversas formas, sem que alguma delas perca o sorriso ou a boa disposição. O chulo da casa mostra-me os quartos, mostra-me os serviços, o bar é impecável, com música ao vivo, os quartos são insonorizados mas pode-se ouvir o que se está a passar nos outros quartos (até aqui já se aprendeu o valor comercial do Big Brother), e, por mais alguns dólares, até mesmo ver o que se está a passar nos outros quartos (desde que a outra pessoa também tenha aderido a esta função). Enfim, uma infinitude de divertimentos a partir do acto básico de um homem a abusar sexualmente de uma criança. Acabo no hotel, sozinho, a rever os números do dia da minha actividade em Portugal. Estão estáveis, regozijo por um momento, marco um dos vários números grátis, peço duas jovens com peitos grandes, chegam passados poucos minutos, deviam estar já no hotel quando liguei. Apesar da idade têm peitos muito grandes, uma delas até os tem em silicone, as Bum Bum Babies (prostitutas-crianças de peitos grandes) são muito procuradas, atiçam o desejo do homem e aplacam-lhe a culpa (“ela tinha uns peitos de mulher adulta”, imagino-os eu a dizer). Belas em tudo, como as grandes… eu e a Tailândia estamos a dar-nos muito bem: ))))))

domingo, maio 08, 2005

Desconvites da vida: quando o Passado sexual dela é motivo para ciúmes Presentes Nele ; ) e o terapeuta que já não podia ir ao casamento

Written has Freud



Fui desconvidado para um casamento na véspera do dito. A Daniela e o Rodrigo vão-me desculpar por aproveitar assim tão descaradamente o pequeno incidente que se deu na boda deles, mas não resisto a puxar desta história para este blogue, que como sabem é tão pouco lido que só muito infelizmente irá parar aos ouvidos de alguém remotamente ligado a ela ; ))))))))
A história é simples e conta-se sem grande complexidade. Estava eu convidado para o casamento de uma amiga minha quando os noivos, 15 dias antes, em conversa mais ou menos confessionária, se puseram a falar da sua vida sexual passada. A Daniela disse que tinha tido 13 parceiros antes do Rodrigo, o Rodrigo tinha tido 8 parceiras antes da Daniela, e mais algumas loucuras (sem consequência e portanto que não contavam para a história oficial). De referir que esta conversinha de alcova foi iniciada por ele, em tom de inocente brincadeira e desafio liberal de casal que não quer ficar agarrado aos tabus do passado, um rapaz renascentista portanto. E tão inocente foi a conversa que o menino logo se pôs rijo e com a potência hercúlea que é reconhecida aos homens portugueses logo tratou de dar mais uma daquelas noites inesquecíveis de prazer à menina, prenúncio de muitas mais que se seguiriam após a boda.
No dia seguinte, estava eu almoçando com a dita noiva e ela contou-me esta conversa tida entre lençóis e pouco antes dos orgasmos da praxe. Fiquei abismado, e disse-lhe isso. Homem português que ouça falar de actividade sexual passada da parceira sem ciúmes automáticos, discussão de enfiada e ameaça de fim da relação é coisa que nunca tinha ouvido, e disse-lho. A resposta dela foi intranquilizadora: “não falámos de pormenores”. Pois, não tinham falado de pormenores. O Rodriguinho, rapaz jovial, excelente advogado e bom amante, sabia que os genitais da namorada tinham sido partilhados com mais 13 homens, mas isso não o tinha preocupado, ele estava perfeitamente na boa com isso, até tinha logo a seguir desempenhado um papel sexual acima da média segundo a história do casal. Pois… mas não tinham falado nos pormenores, especialmente de um certo factor qualidade que os homens tanto apreciam verem adulados pelas parceiras presentes face aos parceiros passados. Ainda tive coragem de perguntar à Daniela, antes da despedida desse adorável (como sempre) almoço no Kuxixo, se tinham falado da qualidade desses 13 trabalhadores passados, e a resposta dela foi que só tinham discutido o nro. Em jeito de profilaxia verbal, disse-lhe para em caso de novo questionário, desta feita relativo à qualidade, ela respondesse que o Rodriguinho era o melhor, que acima dele só Sean Michaels (usem o Google) e abaixo dele todos os outros. Ela ficou atónita com a minha proposta, e não disse nada.
Agora vamos avançar uns dias, para depois voltar a recuar (este texto está cheio de flashbacks, parece o Memento). sexta-feira de manhã, Pedrinho a dar braçadas na piscina depois de ter passeado os cães e muito depois de ter possuído pela enésima vez a Beliza na sauna (minha filha, estamos a ficar fetichistas, temos de ter cuidado senão daqui a uns tempos, até sexo em grupo enjoa ; )))))) ). O telefone toca, e como o telefone é à prova de água, Pedrinho atende, apesar de o número não me dizer nada (não atendo anónimos mas desconhecidos podem sempre ser conhecidos como seu telefone sem bateria usando o de outrem, mas pelo sim pelo não mal atendo inicio logo a gravação da conversa, se for algum engraçadinho com insultos toca a metê-lo em tribunal)
- Estou sim?
- Tou, é o Pedro?
- Sim, quem fala?
- Pedro, daqui é o Rodrigo, precisava de te pedir uma coisa.
- Se eu puder ajudar, diz… (digo isto com alguma estranheza, namorado de amiga minha que goste de mim é espécie à espera de ser descoberta, mas pronto, estamos em vésperas de casamento)
- Será que podes faltar ao nosso casamento?
- Está bem, não há problema Rodrigo.
- Mas não queres saber porquê?
- Eu sei porquê Rodrigo, adeus.
Chamada desligada, chamada efectuada, Daniela a atender no trabalho, apressada como sempre a despachar-me, tudo o que não sejam problemas dela não são urgentes.
- O Rodrigo ligou-me a pedir para não ir ao vosso casamento. Eu não te disse para lhe dizeres que ele tinha sido o melhor de todos?
- Ele ligou-te? Como é que ele arranjou o teu número?
- Tipo, se calhar no teu telemóvel!?!?!?!?!?!?!?
- Não acredito que ele te tenha pedido isso.
- Liga-lhe a perguntar, mas em todo o caso tenho a conversa gravada.
- Meu Deus, Pedro, desculpa. Eu vou falar com ele e perguntar-lhe o que se passa…
Chamada desligada, novo mergulho, o Igor salta para a piscina, não há nada mais mortal para filtros de piscinas do que um Alaskan Malamute Bear em época de muda de pêlo, e Hans e Hegel acompanham-no quase a seguir, só estavam à espera da traquinice do líder para darem liberdade aos seus próprios devaneios. O telefone volta a tocar.
- Pedro, o Rodrigo diz que não te ligou a dizer nada, tens a gravação da chamada?
- Sim, quando é que a queres ouvir?
- Eu vou a tua casa depois de almoçar.
- Anda aqui almoçar se quiseres.
- Está bem.
A Daniela chegou com olhar amedrontado, o carro ficou na rua, forma de impessoalidade de quem acha que o melhor amigo lhe está a contar uma mentira, ou que quer acreditar que o melhor amigo lhe está a contar uma mentira em vez da outra hipótese: a hipótese de que o namoradinho foi ao telefone sem dizer nada, e sem dizer nada ligou para um amigo dela que não é amigo dele para o desconvidar quando foi ela que o convidou. Ou seja, ao fim de dois anos de namoro e nas véspera do casamento, a Daniela descobre que o namorado é capaz de coisas que ela nunca o imaginou capaz de fazer, capaz de passar por cima dela sobre uma decisão importante da vida deles, e ela está insegura. Aqui o amigo tem tudo pronto, o telemóvel em lugar de destaque, o almoço pronto, e mostra-lhe tudo mal ela chega, por motivos egoístas admito: quanto mais cedo ela ouvir a conversa, mais depressa perde o apetite, e mais salada Waldorf sobra para mim ; ))))))))))))
Pede-me desculpa depois de ouvir, e conta-me o que se passou no dia do nosso último almoço, ou na noite a seguir. Novamente na cama, depois do “Mostra e Conta”, o menino Rodrigo tem um novo jogo que se chama o “Conta e Classifica”. Respondido que está o “com quantos”, o Rodrigo quer saber “com quantos foi melhor do que comigo?”. Já não se trata de o Rodrigo querer saber a ordem cronológica, isso já está esclarecido. Agora o Rodrigo quer o Ranking, as classificações, quem está no pódio, quem está no top 10. E claro, quer um motivo para essa diferenciação, afinal o Rodrigo quer melhorar, não lhe basta ser o último por acidente da história da Daniela, e portanto ela que lhe diga o que fizeram outros melhores que ele jura desde já tudo fazer para lá chegar. E a Daniela lá lhe faz a vontade, diz-lhe que 4 foram claramente melhores do que o Rodrigo, sempre atenciosos com os ritmos dela, procurando que ela se mantivesse sempre em estado de grande excitação, que nunca paravam o acto sexual após o primeiro orgasmo dela, que faziam as trocas do vaginal para o anal de forma a que não lhe doesse. Desses 4, 3 já foram há uns anitos, só um se mantém em contacto com a Daniela. E quem é esse menino bem-comportado e carinhoso que merece o lugar no pódio à frente do Rodrigo? Alguém tem ideias? EU!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
O tal amigo dela que ele pensa que é gay, de tão rodeado de mulheres e interessado que é nas “conversas delas”. Pois, eu não sou gay Rodrigo, lamento imenso, mas é a vida, se um doa for vais ser a primeira pessoa a quem vou ligar ; ))))))))))))))))
Mas o Rodrigo não fica triste, nem irritado, até reage bem, graceja e diz que “tenho de lhe pedir umas dicas”, como se alguma vez um português tivesse coragem de pedir um conselho sexual a outro homem, isso seria admitir que não se está a dar conta do recado e seria abrir a porta para que o outro pusesse os olhos na nossa querida. A Daniela fica ainda mais satisfeita, pela primeira vez na vida ficou satisfeita, afinal o Pedro não é omnipotente, e essa coisa de ele ver o futuro só mesmo por acaso é que ele acerta. Pois… e agora… cá está… o Rodriguinho afinal ficou de rastos, afinal lá por dentro ficou todo partido, e ela nem reparou. Mulher que não repara numa coisa destas não repara sequer na orientação sexual do namorado ; ))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Não fui ao casamento, por mais que ela me dissesse para ir. Ainda acho que as relações são mais fortes do que a amizade, porque as relações estão num grau superior de vontade e exclusividade, por piores que sejam as pessoas estão metidas dentro delas porque querem e ponto final.
O casamento foi tão curto que deu para ser dissolvido pela Santa Mãe Igreja (apesar de perfeitamente consumado, diga-se) portanto não vou perder mais tempo com ele. Mas fica aqui a base para a minha próxima reflexão: a diferença por vezes abissal entre o que dizemos e o que pensámos e a forma como muitas vezes essa assimetria não é notada nem por aqueles que nos estão mais próximos. Terão de esperar uns dias ; ))))

terça-feira, abril 26, 2005

Fazer render carne branca em território negro - (em busca do Ouro Puta III - O Chulo como Cineasta)

Written has PIMPO



Anna tem 19 anos, Katerina 18. São dados que para qualquer história seriam fundamentais, para qualquer pessoa seriam importantes. Mas para o meu olho adestrado de chulo, a tipa mais alta tem umas boas mamas mas está muito magra e a tipa mais baixa tem uma cara agressiva, está enroscada, o que é sinal de determinação e tem mazelas nos pulsos portanto foram algemados ou atados a alguma coisa e esteve assim quase até à minha chegada. Vejo que a zona das coxas não foi tratada com produtos cosméticos para disfarçar mazelas de fodas forçadas que pudessem ter, sinal de honestidade do chulo e de bom estado aparente das meninas. Vejo que arfam e se colocam direitas quando começo a falar numa língua que não compreendem, não se aproximam uma da outra, mantêm-se próximas mas não abraçadas, provavelmente não são irmãs, as irmãs reagem de forma diferente a um chulo, procuram um conforto mais físico. Não, estas duas partilham o mesmo destino mas não partilham o mesmo sangue, apesar dos Ucranianos dizerem que as putas da terra deles serem todas iguais. O chulo fala com a manha de quem está a vender uma preciosidade, mas noto-lhe a ansiedade dos gestos, como quem diz “Estas tipas dão-me cabo da cabeça, não tenho paciência para estas merdas” mas com um grande sorriso e sinais amistosos evidentes. Como qualquer chulo, depois destas observações imediatas, faço a pergunta instintiva: onde é que esta puta encaixa no meu mundo?
Sei um pouco de russo, e não vou estragar tudo com perguntas estúpidas, elas já não são meninas inocentes, já sabem para que é que eu estou ali, sou um compincha do senhor que as comprou a outro senhor, e sou apenas mais um passo na escala evolutiva de uma pirâmide de degradação invertida, e é preciso mostrar que sou chulo acima de tudo, para elas não procurarem em mim uma qualquer benevolência que sinceramente não tenho para dar…
Saúdo, digo que gostava de as levar para a Europa, que tenho uma companhia de filmes, que são filmes de truca-truca, que se ganha muito dinheiro com eles... e que se elas querem ser independentes na Europa… porque não? Que não gosto nada de as ver assim, que acho degradante, mas estou ali para comprar o trabalho delas, e por trabalho estou a ser claro, uso a palavra russa Mostruovi, foder. Primeiro irão fazer um filme aqui em Marrocos, depois se gostarem podem fazer mais, se não gostarem ficarão com dinheiro para voltarem para casa. Não querem voltar para casa, dizem-me, com a voz cristalina que contraria a evidência de terem sido fodidas por vários negros violentos nas últimas semanas. Acho esta situação estranha e pergunto imediatamente ao meu colega como é que estas miúdas, tão novas, chegaram aqui a Marrocos tão bem conservadas. Deveriam ter passado por 4 ou 5 bordeis antes de chegar aqui, deveriam estar mais insensíveis, drogadas e indiferentes do que duas ratas no fim de foderem com os 15 machos da praxe no período de acasalamento. Naif é um bom negociador, sabe do seu negócio, e mantem-se num silêncio que serve para mostrar o um equívoco. Serão turistas raptadas naquela região e enviadas directamente para aqui por algum intermediário de zona de guerra? Ele mantém-se em silêncio, está à espera que eu avalie por mim antes de fazer preço e finalmente resolver este enigma bicéfalo.
Estas meninas eram voluntárias numa associação médica até que foram raptadas na região do Darfur. Foram capturadas pelo próprio chefe dos guerrilheiros, e dado que os guerrilheiros eram muçulmanos extremistas, nem pensar em meterem-se com mulheres brancas, essas enviadas do diabo que congeminam em si os diabos brancos. Espancaram-nas, usaram dos seus conhecimentos médicos durante uns meses e depois na primeira oportunidade venderam-nas como despojos. Tecnicamente até podiam ser virgens, se o filho do primeiro comprador não fosse muçulmano e não tivesse concedido a si próprio o prazer de experimentar mulher branca em tão bom estado. Mas tirando isso, Naif jura pela cona santa da sua mãe (uma das putas mais conhecidas na história de Ceuta) que jamais homem algum lhes tocou. O comprador apressou-se a vir a Marrocos vendê-las e entregou-as no estado que eu contemplo neste momento ; )
Bem meninas, é esta a minha oferta: fazerem umas filmagens porno, das quais eu montarei 2 ou 3 filmes, depois venderei cada um desses filmes separadamente a cadeias americanas, holandesas e japonesas e ficarei com 90% do lucro de 9 direitos de autor por 12 horas de foda da vossa parte. Não é justo, mas mesmo assim vão ganhar muito dinheiro, e truca truca é bom, pelo menos comigo… A mais alta, apesar da cara mais doce, parece menos receptiva, e a mais baixa, enrolada e agressiva, consegue esboçar um sorriso, carregado de ironia. Há já muito tempo que aprenderam a deixar de perguntar porquê ou dizerem que têm direitos. Eu sou uma ténue esperança, e comigo vem um salvo-conduto pelas ruas de Ceuta, ruas tortuosamente retorcidas e sempre cheias de gente, talvez a hipótese de fuga, ou talvez eu lhes vá mesmo dar a liberdade. As opções delas não são muitas, e só uma positiva pode ser positiva para mim. Elas têm corpos adoráveis, a baixa tem pele suave, deve ter facilidade em fazer anal, a alta tem boas mamas e lábios grossos, e os homens adoram ver lábios grossos à volta de um caralho igualmente grosso. Não há propriamente um sim, mas também tenho de compreender, é a primeira vez que têm oportunidade de dar a sua opinião sobre alguma coisa em meses, portanto o sim é lento, inexpressivo, quase inaudível, acompanhado de um olhar para o chão, como quem vendeu a alma que já lhe foi arrancada, um negócio em que só se escolhe a forma como se vai perder ou se se vai perder mais ou menos depressa.
Como sabem, sou um visionário. Acreditem ou não, quando vi aquelas meninas senti-me invadido por uma inspiração cinematopinográfica que não me pode deixar indiferente de forma nenhuma àquelas meninas. É preciso perceber que para mim elas são apenas dinheiro em bruto, agora serão trabalhadas para dar o rendimento que estava escondido nelas e que elas próprias desconheciam possuir. Mas até aí existe ainda um percurso bastante sinuoso em que poderão acontecer bastantes recuos, ou o desfazer dos meus sonhos em areia, numa pequena duna de areia movediça onde posso ficar mais ou menos enterrado.
Em primeiro lugar, pagar a NAif o que ele pede. É muito, mas estamos a falar de mercadoria de primeira. E é uma insignificância face aos lucros possíveis. Como sabem, os chulos só se podem permitir a si próprios investir 10 a 15 por cento dos potenciais lucros de um qualquer negócio, devido à elevada incerteza da sua actividade. Juntando o pagamento a Naif, o aluguer de uma casa espaçosa com diferentes ambientes nos arredores de Ceuta com estilo europeu e com janelas amplas (as janelas das casas típicas desta região são minúsculas e impediriam qualquer filmagem com luz natural), a compra do material de filmagem e a estadia a profissionais europeus (seria imprudente alugar pessoas externas pois neste país a ideia de um filme porno filmado em território nacional é mais ou menos como imaginar o Bush a montar uma neta do Bin Laden), e os custos de alimentação, adereços e outros imprevistos não ficou em mais de 5% dos lucros mínimos esperados, portanto pode-se dizer que, sendo uma jogada arriscada, não se tratou de uma jogada assim tão arriscada face ao lucro, e o lucro comanda a vida do chulo.
As miúdas beneficiaram com a mudança de cenário, e começaram a falar imenso, mais até do que o que o meu russo absurdo permite interpretar. Os actores são uns rapazes espanhóis que fizeram um filme para mim no Algarve. Não percebem uma palavra de inglês além de “yeah” “baby” “suck” “bitch” “fuck” e o “me” para fazer frases com as palavras anteriores portanto nada de confratenizações entre o elenco feminino e masculino. Para dar incentivo ás meninas devolvo-lhes os passaportes, ficam com o quarto mais luxuoso da casa (que é o quarto onde vão foder com vários homens nos próximos dias por isso é bom que se habituem a ele), abro-lhes a ambas contas num banco suíço onde lhes deposito à cabeça 5 mil euros prometendo no final do filme entregar-lhes mais 5 mil. Pelo meio vamos falando de tudo e especialmente de sexo. São extremamente liberais, e qualquer réstea de vergonha que tivessem perderam-na algures entre Darfur e Marrocos. Garantem gostar de chupar, esperma não é problema, levar no cu tão pouco; dois homens a baixinha nunca fez, mas acha que não é problema, pois já teve com uma “que parecia três juntas”, e penso com um sorriso malicioso no filho do intermediário tunisino. Falo-lhes de mim, e nestas coisas temos sempre de puxar a puta à nossa sardinha, que sou produtor de filmes, normalmente filmes sérios, falo-lhes em dois ou três filmes que elas nunca ouviram falar mas que foram grandes sucessos, mas tenho este fetiche, e é com estes filmes que pago os outros, por isso não tenho muita escolha… tento perceber o que se passa, tento perceber o que tenho para dizer, tento ficar ao corrente do que faz sentido dizer e rapidamente consigo perceber o que será dar a minha melhor imagem de mim para que estas meninas confiem em mim, ou não fosse eu o grande chulo que sou. Afinal não fui eu que as salvei?
E assim começaram as filmagens com Anna e Katerina, mas não as passei a chamar pelos nomes por educação: foi a forma mais natural pelas quais as tratar quando lhes explicava como deviam foder durante o filme…

quinta-feira, abril 21, 2005

Dá Deus Pacientes a quem não tem métodos terapêuticos actualizados:)

Written has Freud



O terapeuta não se pode dar ao luxo de começar do 0 no seu contacto com os pacientes. Não existem “fresh starts” e o simples facto é que os pacientes não estão felizes por nos verem. De facto, muitos deles só ao chegar à porta do consultório é que finalmente vão admitir, para alguém além deles próprios, que existe um problema na vida deles e portanto isso custa profundamente em relação àquilo que está assente no seu julgamento mais profundo, no julgamento mais profundo do ser humano: a ideia de que devemos pensar por nós e não sob influência de alguém. E isso, como é óbvio, não é fácil… para ninguém… portanto, não é fácil conhecerem-nos, não é fácil estarem aqueles 10 minutos à espera, que para nós parecem voar dado que estamos a tentar espremer um outro paciente. Portanto a “lavagem” é fundamental entre pacientes.

A lavagem é uma saída daquele triunfalismo quase sempre presente no fim das sessões e a transição para um estado pessimista em relação ao próximo paciente. É um ritual importante, pois vai-nos permitir voltar a estarmos conscientes de que não somos senhores da verdade absoluta. O meu ritual é bastante simples e julgo estar aqui a revelá-lo pela primeira vez. Sou um bom jogador de damas, e portanto entro nas “Damas Online” do Microsoft Windows XP e jogo alguns jogos. Em vez de estudar as jogadas desde o início, faço 2 ou 3 primeiras más jogadas e depois tento recuperar jogando até ao fim. Como jogo sempre no nível expert, fazendo os 3 primeiros movimentos ao acaso, normalmente o outro jogador que me foi aleatoriamente atribuído pela rede de jogos toma a dianteira do jogo, ganhando-me a maior parte das vezes. E portanto essa frustração, multiplicada por 2 ou 3 jogos, vai contribuir para o meu regresso à terra, para a aceitação da minha falibilidade e reintegração do meu “eu” por oposto ao “super-eu” em que estava situado no momento em que o último paciente. Claro que para quem espera mais 5 minutos a mais depois de ter visto o outro paciente sair isto também não é bom, mas na maior parte dos casos ajuda a diminuir o pânico do “é a minha vez”, pois a pessoa já sabe que estou desocupado e portanto, a pessoa tem um pouco de espaço entre o “é a minha vez” e o “vou ter de entrar”, e esse tempo tem esse factor benéfico porque nervosa a pessoa já estava quando chegou à sala de espera não é?

Além disso existem pacientes que estão ansiosos para falar, pacientes de 5ª ou 6ª sessão, já habituados À minha presença, que entre sessões seguem passos para começar a resolver os seus problemas e que face a sucessos nesse percurso estão ansiosos para mostrarem resultados, pois assim como manifestaram a mim o problema, também esperam que ao manifestarem a mim a solução se complete o circulo que os conduziu àquela sala decorada com muito mau gosto : )

Sim, porque a percepção do terapeuta não é igual no início ou no fim de um processo de 10 ou mais sessões. O importante é não estabelecer declives elevados nas sessões, ter uma noção que uma sessão em que se vai muito longe pode ser uma sessão que terá de ser revista na sessão seguinte sob pena que se esteja a forçar muito depressa a psique da pessoa a lidar com questões que podem parecer topicamente tratadas mas estão muito mais enraizadas. E isso é fundamental, a procura de raízes nos problemas e questões tratadas, não nos ficarmos pela satisfação de um ramal exposto na folhagem da vida de alguém. É preciso acima dos traumas, acima dos desvios, procurar as condicionantes dos desvios. Pensemos nas emoções como um rio que corre. Podemos montar uma barragem no rio, fazer um dique, mas será sempre uma solução externa a ele, e barragens e diques não rimam muito bem com emoções, que são bastante mais fluidas e portanto menos facilmente impermeabilizáveis. É preciso conseguir alterar a paisagem de forma endógena, mudando os pontos de acumulação de água pluviais, vulgo exterior, mudando a profundidade do rio, o lastro que as pessoas carregam, trabalhando no declive à volta das realidades da pessoa mas sem provocar demasiados artificialismos nas perspectivas que a pessoa tem de si própria. Muitas vezes o maior pecado do terapeuta é precisamente achar que compreender absolutamente o paciente que acaba por chegar, por uma via perfeitamente racional, à posição compadecida de tantas pessoas amigas do paciente. Achámos ter um conhecimento tão absoluto através daquele pequeno sketch que nos parece quase certo que temos em vista as escolhes exactas para a pessoa e que ela não será capaz de tomar medidas racionais dentro de si própria para ultrapassar os obstáculos naturais que lhe surgiram no percurso. Aliás, esta questão de endogeneidade da terapia é fundamental para o conceito de integração do terapeuta no universo referencial do paciente. A entrada demasiado rápida por um percurso de explicação traumática ao paciente, a facilidade exagerada com que se sobrevaloriza uma determinada dimensão da personalidade do paciente fazem-nos por vezes esquecer que ele não se encontra no nosso plano de consciência mas no seu plano de consciência mas no seu próprio e é nosso o trabalho de ir até ao dele e não o caminho inverso. Prefiro muitas vezes passar todas as sessões excepto a última a falar do próprio paciente do que tentar em cada sessão deixar uma pequena receitazinha emocional para cumprir durante a semana. Prefiro dedicar todas as sessões a aprender a ver como o paciente se vê para na última sessão mostrar-lhe o próprio mundo dele com os meus olhos de forma clara que o deixe completamente confiante que estou a olhar de uma posição correcta e real, e portanto se eu estou a ver bem, o que digo naquele momento é interiorizado muito mais profundamente do que todos os outros pequenos recados enviados de forma mais ou menos abreviada, como resumo de qualquer coisa, como parte de qualquer coisa. Muitos de vocês dirão “nunca conheci nenhum terapeuta que fizesse essa abordagem”. Pois… mas o problema está mesmo aí: quantas universidades portuguesas é que utilizam sistemas de psicologia modernos adaptados a pacientes individuais e não conjuntos de chavões mais ou menos adaptativos sobre o que o paciente quer ou aquilo que o paciente pensa?

Pois… bem me pareceu… : )))))))))

segunda-feira, abril 11, 2005

Todas as putas merecem o céu (ou na falta dele, um chulo) - em busca do Ouro-Puta II

Writen as PIMPO




Recentemente na Finlândia um estudo mostrava que a prostituição se restringia quase exclusivamente a estrangeiras, sendo que quase não existiam prostitutas finlandesas e as que existiam eram prostituas de luxo independentes, normalmente estudantes universitárias ou mulheres que usavam a prostituição como forma de obter rendimento suplementar para o seu emprego. Quer isto dizer que os chulos nestes países estão condenados? Será este o argumento definitivo que faz com que fique assente que o chulo só pode existir numa sociedade subdesenvolvida? Como chulo, penso que não. Um chulo é um empreendedor. Tem um certo e determinado grau de avaliação do risco, que lhe dá um conjunto de opções profissionais pelas quais ele opta. O chulo, tal como a puta, opta por aquilo que a sociedade lhe tem para oferecer. Ser chulo não é uma profissão vocacional, ao contrário de ser puta, que é altamente vocacional. Numa sociedade altamente equilibrada a puta não precisa de qualquer protecção adicional para a sua actividade e portanto a personalidade do chulo não é útil ao processo contratual entre puta e cliente. Ou seja. Na Finlândia existem chulos precisamente em relação ás putas que exigem protecção em relação à sociedade. Ou seja, as putas estrangeiras. Aquelas que podem ser deportadas, aquelas a quem a sociedade fecha as portas, aquelas que a sociedade deseja foder mas ao mesmo tempo quer expulsar…
Aqui em Marrocos conheci dois desses chulos, excelentes profissionais, putas muito bem tratadas, várias com documentos obtidos a partir de pedido de asilo, que depois de darem a cona, o cu e as mamas ao manifesto receberam a justa recompensa da nacionalidade. E atenção, o processo de asilo é tudo menos automático, é o processo de legalização que mais requer advogados, provas, testemunhos etc etc etc…
Descobri que para estes chulos a prostituição é apenas a porta de entrada num mundo apetecível do sexo, que depois tem uma evolução natural para a pornografia. Ou seja, o chulo finlandês, DEVIDO ÁS CARACTERISTICAS PRÓPRIAS DA SOCIEDADE, tem a faculdade de evoluir profissionalmente. Quem me dera viver apenas da pornografia, e admito que se o meu espírito fosse um pouco mais comedido certamente que seria capaz de me satisfazer apenas com essa actividade. Mas num país como Portugal isso é impossível. O Português consome muita pornografia mas tem uma certa ideia abjecta em relação à produção nacional. Para o português, ver uma tipa a ser fodida e a gemer em português faz uma aproximação com a sua mãezinha e portanto ele perde imediatamente a pica toda de ver o filme. Aliás, muitos poucos dos meus filmes ficam no mercado português, sendo que ajuda a baixa idade das minhas meninas e o seu profissionalismo para que me afirme no mercado internacional.
A pornografia é o píncaro do chuledo, é o altar-mor da nossa actividade, em que os lucros são de tal ordem em que a miúda, com muito menos fodas diárias, consegue enormes rendimentos, rendimentos esses que são astronómicos em relação ao chulo. Aliás, tenho de dizer que poucas são as minhas princesas que não aspiram a um lugar no estrelato pornográfico mundial. E é aí que a as minhas meninas se destacam. Estes meus dois colegas, tão distantes profissionalmente, a exercer num país civilizado, ficaram surpreendidos quando vários nomes mencionados por mim ressoaram nas suas cabeças como grandes profissionais femininas do porno mundial. Ou seja, a minha educação, nas primeiras semanas, em que faço as minhas princesas habituarem-se a chupar, engolir esperma, levar no cu, levar com dois paus (o meu mais um vibrador, pelo menos), que pode parecer demasiado intensiva, abre literalmente as portas de uma carreira que vai muito para além da actividade putal. A isto chamámos uma “cadeia de valor”, em que TODOS os participantes nela beneficiam com o profissionalismo mútuo.
E é que eles nem sabiam que estas meninas eram portuguesas! Portugal sempre teve este problema em relação a tudo o que tem qualidade neste país e é exportado para fora. Temos uma falta maciça de afirmação como marca. Ou seja, uma puta pode vir do PIMPO, mas quem é o PIMPO? É português, mas é UM português! Não faz parte de um GRUPO de portugueses. Portanto, para os meus cinematográficos para adultos estrangeiros, PIMPO é um tipo desenrascado, uma excepção, e portanto, PIMPO nunca será uma MARCA portuguesa. Aliás, PIMPO, por ser único, e não como parte de um CONJUNTO, será sempre visto como uma excepção, como alguém que se move onde tudo está parado, e portanto nunca surgirá a ideia de uma actriz portuguesa.
REVOLTA-ME, e não consigo calar a minha revolta, o facto de as putas húngaras serem conhecidas pela nacionalidade, e as putas portuguesas serem “latinas”, muitas vezes pedem-lhes para falar em BRASILEIRO nos filmes… quer dizer… é uma vergonha para o país, e eu sou porta-voz desta vergonha nacional que é os chulos portugueses, este grupo que silenciosamente trabalha para dignificar o país com brio e profissionalismo acima da média não consegue ser aceite pela sociedade. Aliás!!! Os chulos, quanto menos anticorpos encontram na sociedade, mais podem dispensar tempo a organizar a sua profissão. O chulo, quanto mais protegido é na sua actividade, menos exigente tem de ser em relação à puta. E em Portugal isso não acontece!
Vejo os meus amigos finlandeses a conversarem com um chulo Africano aqui na mesa ao lado. O chulo africano olha para mim com respeito e dirige-me algumas palavras de apreço. Respondo em inglês dizendo-lhe que, mesmo ele não tendo meninas brancas que me possam interessar, gosto da sua companhia e tem sido um bom amigo e vejo nele o que deve ser um chulo africano, e ele diz-me que tem umas meninas brancas, abandonadas num campo de refugiados, que apesar de já terem sido violadas por alguns soldados rebeldes da zona do Darfur estão ainda muito bem conservadas.
Não fico surpreendido, se os soldados são rebeldes, é natural que queiram descarregar essa raiva, portanto umas meninas brancas são sempre uma forma de “foder o Homem Branco”, que é uma espécie de panaceia em relação a todos os males em África. Vejo as fotografias e constato que têm um aspecto muito apresentável. São “italianas ou francesas”, vieram directamente do campo, garante-me o meu patrício negro, o que deve querer dizer que passaram apenas por um ou dois bordeis móveis. A carne branca tem muita procura em África, num dia uma miúda branca avia mais homens que 3 putas africanas por um preço 10 vezes mais caro. À primeira vista parece um contra-censo: o chulo livrar-se de uma boa fonte de rendimento. Mas rapidamente junto dois mais dois: a nossa economia baseia-se na economia clássica e obedece ás suas regras. Estas duas miúdas devem ser danadas e devem resistir-lhe e entre bater-lhe e deformá-las (diminuindo o seu valor) ou entregar o problema a outro, para mais Outro que é branco assemelha-se a ele como uma solução miraculosa. Entrega as miúdas em boas condições, e tem um lucro certo, enquanto que com a exploração delas teria fugas, sessões de violência, e estamos em Marrocos, Marrocos fica preocupantemente perto da Europa e se estas miúdas apanham um turista piedoso e minimamente informado lá se vai qualquer hipótese de recuperar algum do custo que estas miúdas tiveram…
Sorrio e aceito o desafio… comprar carne branca em plena África… vim longe para fazer um negócio na minha área… será que vou comprar puta por lebre? : )))))
A resposta no meu próximo texto…